terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Cria que o ano é teu!

Cada ano novo é como um filho parido no exato segundo da meia-noite de 31 de dezembro. E todo parto, por mais difícil que seja, é feliz.

Curtimos a gravidez durante dezembro inteiro, fazendo planos para o futuro do novo filho e preparando a festa da sua chegada. Analisamos o que erramos com os filhos mais velhos e prometemos não mais cometer aqueles erros indesculpáveis com o novo rebento. Como mães desnaturadas, abandonamos os filhos mais velhos como se nunca tivessem existido. E dedicamo-nos inteiramente ao novo, que traz esperança e um sorriso de luz nos lábios.

Só que depois da alegria do parto, vêm as dores de ser mãe. Como um bebê, o novo ano rouba-nos as noites de sono e toma todo o nosso tempo com exigências de atenção. Tem de ser cuidado, acarinhado, educado. E na azáfama de procurar tempo para tudo acabamos por esquecer dos erros que cometemos antes e repetimos tudo igual porque somos animais de hábitos constantes. 

O que vale é que a experiência com os anos novos anteriores nos torna mais fortes e mais sábios e os erros que cometemos já não são assim tão graves nem tão destruidores. Conseguimos, ano após ano, educar e alimentar melhor este novo filho, já não mais fazemos experiências para ver se acertamos, simplesmente sabemos o que fazer.

E assim, ano após ano, vamos aprendendo a criar melhor nosso rebento para a cada dia 31 de dezembro parir outro novo e renovar a nossa esperança.

Mas, fazer o quê... nós humanos somos assim, precisamos de incentivos, de novas chances. O dia 1º de janeiro é um dia como outro qualquer. No fundo sabemos que não acontece nenhuma magia ou milagre que muda tudo só porque o último número do ano mudou. Mas precisamos de renovação, precisamos renascer e parir uma vida completamente nova e diferente. Pobres de nós, que somos tão dependentes desta esperança fugaz e felizes de nós que temos a capacidade de nos renovar.

Ser humano é a maior dádiva que nos foi dada e ao mesmo tempo é a pior maldição. Almejamos o todo, queremos cada vez mais. Esquecemos o que está ao lado e deixamos de prestar atenção à lição dos animais “não racionais”, que só procuram alimento, aconchego e um pouco de carinho. 

Minha esperança para 2014 é que sejamos menos humanos e mais animais.

Que comecemos a olhar para o lado, que estendamos a mão, que amemos sem restrições. 

E isso significa não abandonar o ano velho moribundo, significa sentar ao seu lado e ouvir pacientemente suas lições de vida e aprender com a sua sabedoria. Significa continuar crescendo em coração, em sentimentos e em emoções.

Porque ninguém em sã consciência abandona um filho, por pior que ele tenha sido. Tentamos sempre ensinar e aprender. Este é o ciclo da vida. 

Feliz dia 1º de janeiro e feliz dias 2, 3, 4, 5....... feliz dias, feliz continuação da vida para todos!!!