terça-feira, 6 de abril de 2010

"Homo homini lupus"??? Nãããããooooo!!!!


Ontem no início da tarde, quando cheguei à minha loja, encontrei um bilhete de identidade colocado entre as grades da entrada. Imaginei logo que alguém o tivesse encontrado por ali e o tivesse deixado à vista para quem o perdeu, se voltasse a procurá-lo, encontrasse com facilidade.

Temendo que o tal bilhete de identidade tomasse outros rumos que não fosse voltar para o seu proprietário, pedi ao meu funcionário que o entregasse na esquadra de polícia que fica perto da loja.

Meu funcionário respondeu logo que não, que se entregasse o bilhete de identidade na esquadra poderia ter problemas, pois aquele documento poderia ser de alguém que foi agredido e a polícia poderia pensar que ele havia sido o agressor. Eu tive de insistir para que ele fosse até lá. Ele acabou por concordar, mas contrariado.

Afinal, ele entregou o documento na esquadra e não lhe aconteceu nada.

Depois fiquei pensando... o que leva uma pessoa a temer fazer o que é correcto? Será que a nossa sociedade está tão viciada e tão desconfiada que mesmo um acto de solidariedade e nobreza pode ser interpretado como algo ruim?

Já ouvi em algum lugar que o ser humano é desconfiado e mau por natureza. “Homo homini lupus” (em latim, alguma coisa como “o homem é o lobo do próprio homem”), aprendi com Thomas Hobbes. Mas não concordo de maneira alguma com esta afirmação. Vejo que a humanidade é boa e nobre, que os homens têm atitudes de solidariedade e piedade para com os seus próximos todos os dias.

Quantas pessoas deixam a sua terra natal, sua casa, pais, amigos, para passarem por dificuldades e perigos somente para ajudar? Quantos voluntários padecem somente porque sentem a necessidade de atenuar a dor dos que sofrem demais?

No nosso dia-a-dia também encontramos pessoas assim. Pessoas que se preocupam com a miséria à sua volta. Pessoas anónimas que com um olhar, um pedaço de pão, uma mão amiga atenuam o sofrimento de outros.

E não estou a falar de Madres Teresas, Gandhis, Dianas... estou a falar de pessoas comuns, que acordam todos os dias e vão batalhar pela vida, trabalham de sol a sol, têm problemas e sofrem e, mesmo assim, encontram um tempo e um espaço no coração para os mais necessitados.

Mas muitos de vocês devem estar a dizer: “ah! Esqueces-te dos bárbaros que assassinam e fazem horrores todos os dias? Esqueces-te das guerras implacáveis que só servem para fazer sofrer inocentes? Esqueces-te dos mesquinhos?”.

E eu respondo: “Não, não esqueço-me.”

Estes mesquinhos e bárbaros também são coitados. E são os maiores coitados. Não merecem o nosso ódio, porque o ser humano não foi feito para odiar. Merecem a nossa compaixão, a nossa piedade, porque são almas perdidas que nunca conheceram o amor, nunca souberam o que é um abraço reconfortante, nunca sentiram seu coração aquecido pelo amor. Enfim, não são seres humanos. Porque os seres humanos não são lobos. Os seres humanos são coração, amor.

Continuemos sendo seres humanos, amando, ajudando, consolando. Que todos nós nunca esqueçamos da nossa essência pacífica e amorosa.

E, principalmente, que nunca tenhamos medo de fazer o que é certo.

Ah! E uma observação, para ilustrar e esclarecer o título deste escrevinhamento...

Os lobos não são maus. Nenhum animal é mau. Atacam para se defender. São assustadiços. Como os humanos...

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