sábado, 16 de setembro de 2006

Nova poesia (ou poesia nova)

Na minha primeira aula de Introdução à Literatura, a professora perguntou o que era poesia...Para espanto geral, numa turma de 60 neófitos, ninguém soube encontrar uma definição para esta palavrinha que faz parte do nosso quotidiano.
Normalmente, associamos a poesia ao poema, aos poetas, mas a poesia está em tudo, está numa
borboleta que ao sair do casulo seca suas frágeis asas ao sol, está no olhar de um estranho que passa na rua e nos deixa uma qualquer impressão, enfim, está na vida que vivemos, nas coisas comuns.
Esta semana, descobri uma poetisa especial, daquelas que transformam a vida em poesia, fazendo com que a definição do termo seja secundária, senão irrelevante.
Esta poetisa chama-se Conceição Pazzola, uma poeta independente - em todos os sentidos!
Abaixo, transcrevo um poema seu, que nos leva ao mundo das nossas lembranças.
Deliciem-se, sintam o perfume dos versos... e relembrem, sintam o cheiro da infância!


CALMARIA
Conceição Pazzola

Na casa vazia ao sol clamei
Por luz e calor esquecidos
Em portas e janelas fechadas
Há muito tempo perdidos
Na casa vazia em vão busquei
Por um brilho de teu olhar
Nem as estrelas fulgurantes
Com mil fagulhas radiantes
Poderiam se equiparar...

Clamei na casa vazia, esperei!
Indícios de risos aconchegantes
Nem as musas de belas canções
Com suas vozes mais delirantes
Devolveriam ao seu lugar

Na casa vazia ainda uma vez...
Anseio pelos passos e abraços
Daqueles a quem tanto amei.
Nem os sons mais suaves
Mostraram o mais leve traço

Pela casa vazia ecoa a pergunta
Onde se perderam os meus laços?
Encontro o céu de nuvens juntas
São elas as moradas esparsas?
Procuro agora a fórmula mágica
Capaz de levar-me ao espaço...

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