segunda-feira, 9 de junho de 2008

Fernão Capelo Gaivota


Ontem reli um clássico da minha juventude: Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach.


Quem já não leu este livro? Aposto que poucos levantaram a mão.


Eu tinha lá pelos meus 12 anos e vivia em um colégio interno. Ao contrário do que alguns possam pensar, não era nenhuma prisão. Ao contrário, para mim, morar no Instituto Concórdia foi uma liberação e uma evolução tremenda.


O colégio possuía uma biblioteca fantástica, onde eu passava todas as horas livres. Costumava sentar no chão, entre as estantes. Escolhia um autor e lia-lhe todos os livros. Depois passava para outro, e assim por diante.


Mas o «Fernão» que li não era da biblioteca. Ganhei-o da minha mãe. Hoje entendo seus motivos escusos ao me dar aquele presente.


Para quem não leu - ou não lembra - o livro conta a história de uma gaivota, Fernão Capelo Gaivota, que foi expulso do bando por querer dar um significado especial a sua vida ou, em termos «gaivotícios», achava que a vida era mais do que voar simplesmente para pegar um bocado de comida.


Fernão buscava vôos altos, velozes, peripécias nunca antes tentadas ou imaginadas por nenhuma gaivota. E, claro, por querer voar mais alto (literalmente), foi incompreendido e banido.


Após viver muitos anos sozinho no exílio, anos em que aperfeiçoou suas técnicas de vôo, Fernão é levado para o que ele pensa ser o paraíso. Lá estão outras gaivotas que pensam como ele. Aprende a voar a velocidades tremendas, até chegar ao vôo à velocidade do pensamento. Torna-se instrutor das gaivotas que vão chegando, mas sente uma necessidade imensa de voltar ao seu bando, de ajudar os que ficaram a encontrar o esclarecimento.


Volta, então, para a Terra e forma um grupo de seguidores, também banidos do clã das gaivotas por quererem voar mais alto. Quando seus «discípulos» estão prontos, retornam ao bando. São recebidos primeiramente com desprezo, depois causam curiosidade e, por fim, muitas gaivotas ignoram as leis do bando - que bania os que se aproximassem dos banidos - e juntam-se ao grupo de Fernão.


Ele e seus discípulos começam a dar treinamento para as gaivotas que querem alçar vôos mais altos e, por fim, Fernão deixa Francisco Gaivota, seu primeiro discípulo, como sucessor e vai para um plano mais alto.


A mensagem do livro é clara: os que buscam iluminação ou esclarecimento, os que ousam querer mais da vida do que simplesmente passar os dias sem morrer de fome ou sede, são incompreendidos, vistos como estranhos, extravagantes, indesejados. Mas buscar o esclarecimento é um dever de todos, pois, segundo Fernão, todos nascemos com liberdade e a única lei que merece ser cumprida é a lei que respeita a liberdade.


Por outro lado, não se deve odiar ou ignorar os que nos banem por não nos compreender. Estes - e principalmente estes - precisam ser guiados, com amor, no caminho da liberdade.


Para quem já leu e sente saudades e para quem ainda não leu, vou postar aqui o livro. Espero que gostem e aproveitem. E, principalmente, que, com liberdade e amor, descubram que têm a liberdade de voar mais alto.

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