terça-feira, 20 de março de 2007

PRIORIDADES...

"No mundo atual está se investindo cinco vezes mais em remédios para virilidade masculina e silicone para mulheres do que na cura do Mal de Alzheimer.

Daqui a alguns anos, teremos velhas de seios grandes
e velhos de pau duro, mas eles não se lembrarão para que servem."

Dráuzio Varella


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sábado, 17 de março de 2007

Ao PI, no aniversário


PARA HOMENAGEAR O ANIVERSÁRIO DO PI,
SÓ EMPRESTANDO AS PALAVRAS DA CECÍLIA...

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.


PARABÉNS, PI!!!
QUE A POESIA CONTINUE ENVENENANDO,
COM A PROTEÇÃO DAS MUSAS!

sexta-feira, 16 de março de 2007

EU


Eu sou eu e mais ninguém.
E a cada dia, não sou mais eu, mas outro eu.
Sou o vento que muda de direção,
a lua que muda de fase,
a maré que vaza e transborda...
Sou as reticências, porque não tenho fim nem começo,
sou o ponto de interrogação, porque não me reconheço...
Sou o espelho e a sombra, o verso e o reverso.
Sou fêmea porque amo, sou macho porque desejo.
Sou mulher, nada e tudo mais...

domingo, 11 de março de 2007

Laika

Guri e Laika (acima) depois de um boa corrida pelo jardim
Amigos,

Hoje estou triste, muito triste. Enquanto escrevo, luto contra as lágrimas que teimam em embaçar meus olhos e me impedem de ver a tela. Alguém muito especial foi-se embora, deixando um vazio enorme na nossa vida e nos nossos corações.

O nome dela é Laika, a namorada do meu Guri. Ela era realmente especial, uma mulher de verdade, meiga e dócil, cúmplice e companheira, carinhosa e alegre, altiva e decidida.

No seu olhar, via-se todo um mundo de amor e carinho. Olhar penetrante que falava por si só.

Gostava de carinho, de gente, de companhia. Gostava de dar e receber amor, como todos da sua espécie.

Laika é uma cachorrinha, especial como tantos animais que convivem conosco.

Numa manhã, com seu jeito espevitado, ao ver seu pai-dono no portão, correu atrás de carinho e encontrou um carro em alta velocidade. Caiu, ficou.

Não colocará mais sua cabeça no nosso colo a procura de carinho, não nos olhará mais com aquele olhar que nos dizia tantas coisas.

Mas tenho certeza que mais uma estrela brilha no céu dos cachorros, porque, como diz o filme, «todos os cães merecem o céu» e, anjo que era entre nós, vai continuar anjo, enviando amor e olhando por todos que a amaram aqui nesta terra tão cheia de maldade e injustiças.

Aguenta firme, «pai da Laika», que ela sempre estará conosco.

sábado, 10 de março de 2007

Povo que lavas no rio

(Foto: Artur Cardoso - 1000 Imagens)

Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.

Fui ter à mesa redonda
Bebi em malga que me esconde
O beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
A água pura, puro agreste
Mas a tua vida não.

Aromas de luz e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.


(Pedro Homem de Melo)

DAS COISAS QUE COMPETEM AOS POETAS



Nas terras onde os sinos andam pelas ruas
há horas surdas sós e sem cuidados
há mar condicionado ao possível verão
e vendem-se manhãs e mães por três idéias.

Nas terras onde a música é o fogo de artifício
a camioneta curva a carga sob os plátanos
e à sombra dos lacrimejantes carros
o gato dorme a trepadeira sobe
o soba grita nunca ninguém sabe
a erva cresce e as crianças morrem.

O mar aceita chão a mão do sol.

Que plural deplorável o da magna agência mogno.

E nas tílias há riscos dos vestidos de retintas raparigas
e o dente resistente número quarenta cheira a pepsodent.

(Ruy Belo)

quarta-feira, 7 de março de 2007

Àquele amor



Quando me apaixonei por ti,
pensei que todos
os poemas de amor do mundo
eram pouco para nós...

Quando passei a te amar,
pensei que todos
os poemas de amor do mundo
eram tolos, sem graça, infantis...

Quando meu amor por ti
tomou conta de mim,
descobri que todas
as palavras do mundo são vãs,

porque nunca conseguirão descrever
o que me trouxeste.

Carta ao blog


Meu querido blog...

Perdoe minha ausência, meu descaso, meu esquecimento...

Garanto-te que não passa um dia sem que me lembre de ti, mas o atribulamento da vida não virtual está deveras atribulado e tenho prioridades físicas que me fazem deixar-te em segundo plano.

Preciso colocar meus e-mails em dia, estudar, desencaixotar a mudança e dar banho nos cães.

Depois que fizer tudo isso, prometo que volto a publicar diariamente em tuas páginas.

Agora, por exemplo, vou cumprir uma das minhas maiores obrigações, que está sendo protelada há muito tempo...

Vou encher a banheira, colocar o mp3 no ouvido com aquelas músicas fantásticas, bebericar uma taça de vinho e filosofar...

Beijos saudosos,

tua sempre editora

AS ASAS DO AMOR

(Foto: Eloir Machado)

Longa é a estrada dos meus amores
alta a montanha a meio do caminho.
Na minha demanda manda o desejo:
É breve a viagem, suave a subida.


(Galês - Tradição oral - séc. XVII)