segunda-feira, 6 de agosto de 2007

À Bê


Foste a luz e a escuridão
O mistério desvelado,
A verdade calada.

Não viste o amor, até senti-lo.
Não sentiste o ódio, até prová-lo.
Não provaste o medo, mas ele veio.

Gosto amargo de remorso,
Asco de amargura,
Desencanto da procura.

Sonhavas o céu,
Desejavas o infinito,
Querias asas…

Mas saltos altos não são asas,
Talvez bengalas, muletas,
Efémeras alegrias fingidas.

Deste teu último voo,
Estás livre dos saltos,
Desamarrada dos sonhos.

Voa mais alto agora,
Minha estrela de papel,
Já brilhas sem fingir.

Vai, amiga-irmã,
Assumo tua dor, que já foi minha,
E do teu jeito abrandaste.

sábado, 4 de agosto de 2007



Se essa rua, se essa rua fosse minha,
Eu mandava, eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes
Para o meu, para o meu amor passar...


Nesta rua, nesta rua tem um bosque
Que se chama, que se chama solidão
Dentro dele, dentro dele mora um anjo
Que roubou, que roubou meu coração!


Se eu roubei, se eu roubei teu coração
Tu roubaste, tu roubaste o meu também!
Se eu roubei, se eu roubei teu coração
É porque, é porque te quero bem!


Não lembro ao certo a minha idade, mas lembro exatamente do dia em que aprendi estas cantigas. Minha mãe chegou do trabalho e me chamou no seu quarto: «Vem, que tenho umas musiquinhas pra te ensinar».


Eu fui, feliz da vida! Sentada na cama dela, ouvia-a cantar um verso e repetia, enquanto ela trocava de roupa. Nunca mais esqueci nem das cantigas nem daquele momento mágico.


E agora será minha vez de ensinar cantigas. Tomara que eu tenha a mesma meiguice da minha mãe.