segunda-feira, 29 de outubro de 2007

... e entom começarom a escrever livros...


[...] e depois que o home assi foi criado razoavil e sabedor e deshi vierom os homees de geeraçom em geeraçom e começarom a provar as cousas e os conhecimentos d'ellas e virom que aqueles que alguas cousas sabem, tanto que morriam elles, os outros que depois delles vinham perdiam os saberes, por se perceberem de se os saberes nom perderem, catarom as figuras das letras e nomearom-nas e fezerom em como se per ellas nom perdessem os saberes: e entom começarom a escrever livros [...]


D. João I - Livro da Montaria (séc. XV)

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Do que um cão precisa

“... Um cão não precisa de carros modernos, palacetes ou roupas de grife. Símbolos de status não significam nada para ele. Um pedaço de madeira encontrado na praia serve. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não.”


John Grogan

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

A forma justa



Existirá ainda beleza no mundo?


Será que diante de tanto sofrimento ainda podemos ter esperança?


Descobri que sim...


Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos - se ninguém atraiçoasse - proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
- Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo

Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Amor não se esquece!

Este vídeo mostra o reencontro de dois leões com seus pais adotivos.

Encontrados abandonados, foram criados por humanos e soltos na natureza para se readaptarem à vida selvagem. Um ano depois, os pais adotivos voltaram ao local onde deixaram os leões e foram prontamente reconhecidos.

É mesmo assim... amor, carinho, dedicação nunca são esquecidos, nem por animais selvagens!

E tem gente que ainda acha que o perigo são os cães ferozes e não os donos...

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Alberto e Cláudia - um sonho de amor

Ontem recebi uma notícia de morte. Veio numa linha só, uma frase curta: «Gente, Alberto morreu ontem, 8 horas da noite». Naquele instante, reagi - «Meu Deus!». Meu marido gritou, perguntou «o que houve?» e eu, já engasgada pelo choro, respondi: «Morreu um amigo meu».

Morreu um amigo meu! Chamei Alberto da Cunha Melo de amigo, apesar de nunca o ter visto nem falado com ele. Dele, só conhecia os versos fantásticos e as palavras amorosas de Cláudia.

Cláudia… minha amiga também. Amiga que nunca vi. Fiquei pensando nela o dia inteiro, dormi pensando nela. Uma vez, falamo-nos ao telefone. O assunto era outro, mas Alberto esteve presente na conversa. Foi aí que senti o quanto aquele amor era grande! Quando Cláudia falava de Alberto, seu tom de voz mudava, ficava doce, melodioso. Era um misto de amor, dedicação, admiração, devoção! Senti uma inveja boa daquele amor. Não imaginava que existisse sentimento assim fora dos livros e dos poemas.

Hoje vejo uma declaração de Cláudia dizendo que foi pelo poeta, por seus versos que se apaixonou primeiro. E lembrei dos meus sonhos de menina, quando lia poemas de amor e me imaginava a destinatária daqueles versos. Um amor que não se vê. É assim que sinto o amor de Cláudia e Alberto.

Eleita por ele a décima musa, Cláudia foi tema de inúmeros poemas e destinatária de uns tantos livros. Que homem de carne e osso ama assim? Só conheço Alberto.
Consigo imaginar, nunca mensurar a perda de Cláudia.

Mas estava dizendo que dormi pensando neles, em Alberto e Cláudia. E sonhei um sonho que só agora começa a fazer sentido.

Estava em uma plantação de mortos. Parecia uma horta, onde eu via os vários montes de terra, colocados todos um ao lado do outro e em fila. O cenário era sombrio, era dia mas a claridade era pouquíssima, como se estivesse nublado. O tempo úmido e pesado, sem vento, nem uma brisa. Um menino estava ocupadíssimo arrumando os montes de terra, limpando os caminhos que davam passagem entre eles. Nisto, outro menino chega. É incumbido pelo primeiro de me levar dali, para que eu aprenda – ainda agora não sei o que deveria aprender, mas sabia que precisava ir. O segundo menino pegou-me pela mão e saímos da plantação-cemitério. Fomos dar a uma rua de barro, com poças d’água, suja, com as margens também sombrias onde crescia um mato desordenado, algumas casas de madeira sem cor, tudo cinzento. Caminhamos até o final desta rua e dobramos a esquina. Saímos em uma rua paralela àquela em que estava.

Esta rua já era diferente. Ali via-se a claridade do sol, uma brisa gostosa batia no rosto. A rua era calçada com paralelepípedos perfeitos, colocados todos um ao lado do outro. Suas margens eram floridas, com belas casas. No final da rua, uma subida.

Foi então que meu guia, ainda segurando-me pela mão, disse que tínhamos que correr. Na hora fiquei assustada… como conseguiria correr? Já não tenho fôlego para isso! E o esforço? Não prejudicaria a minha gravidez? Mas não falei nada, como já disse, sabia que deveria seguir o menino.

Após alguns metros de corrida, uma subida incrivelmente íngreme. No início, ainda consegui me manter em pé, até que já não pude. A gravidade puxava-me para baixo. Terminei a subida arrastando-me, como se estivesse escalando a rua, levando um braço após o outro.

De repente, no topo da rua/morro, um templo. Não sei o que havia lá, tenho a impressão de ser um Buda ou coisa parecida. Só sei que era divino. Uma imagem iluminada (em todos os sentidos), que refletia a luz do sol por todos os lados. Era lindo, e eu senti uma sensação de completude, de paz infinita.

Acordei assim e não consegui esquecer este sonho.

Agora, penso que pode ter algum significado. Um significado que Cláudia, sábia como é, talvez entenda. Saí de um campo de mortos, sombrio, feio, guiada por um menino, para um local iluminado! Talvez o mesmo tenha acontecido com Alberto… ou talvez seja só uma associação que eu esteja fazendo neste momento, talvez queira dizer alguma coisa muito diferente, mas………

Com certeza Cláudia entenderá! Até porque um amor daquele tamanho não cabe nos limites da existência física!!!

sábado, 6 de outubro de 2007

Houssein



Este é o Houssein, um pitt bull que vive num corredor cheio de sucatas de construção ao lado do prédio da minha mãe, em Blumenau.



Da janela da cozinha, chamava-o e ele abanava o rabo, feliz de me ver e ouvir uma voz carinhosa. Eu, sei que erradamente, atirava-lhe alguma comida, um pedaço de pão, um resto de bife. E a cada dia meu coração ficava mais apertado por ele.



Reparava que nem sempre o balde de água estava cheio, que seu lugar não era limpo e que passava o dia inteiro trancado ali, naquele corredorzinho, muitas vezes preso pela corrente, com o espaço mais limitado ainda.



Não conseguia sentir medo daquele cão. Seus olhos demonstravam carinho e carência. Ele precisava de carinho, de amor. E eu não podia fazer mais nada do que lhe enviar algumas palavras mansas e um pouco de comida.

Um dia, ouvi a voz do seu dono conversando com ele. Corri à janela e perguntei se podia descer para vê-lo de perto. O dono concordou na hora, simpaticamente dizendo que o Houssein era inofensivo e que adorava brincar.

Foi aí que descobri que aquele já era seu terceiro dono, e ele só tinha oito meses. O rapaz era bem intencionado, brincava e fazia festas ao cão e disse que pretendia enviá-lo a um local de treinamento numa cidade perto. Na hora fiquei apreensiva. Que tipo de treinamento, perguntei. É claro que ele respondeu que era treinamento de obediência e não de violência. Do fundo do meu coração espero bem que sim. Fiz algumas festas ao Houssein que, quando me viu, abanou o rabo e saltou para brincar. Acariciei sua cabeça e lhe dei um beijo na testa. Sem medo, sem receio, sem desconfiança.

Conversei um pouco mais com o rapaz, não deixei, é claro, de meter-me na história, tirando não sei de onde que um cão com pouca água e pouca comida torna-se muito agressivo. E no fundo, todos sabemos que isso é verdade...

De tudo isso, ficou uma idéia perturbadora dentro de mim. Acredito que não há cães assassinos, há donos irresponsáveis e mal intencionados. No caso do Houssein, o seu dono até é muito bem intencionado, mas não tem o preparo nem os meios para criar um cão desta raça. E penso, então, que é exatamente isso que acontece: donos despreparados, que não conhecem as particularidades da raça, que resolvem criar um cão por estar na moda. Estes donos acabam criando monstros que, na maioria das vezes, voltam-se contra eles próprios.

Ouvi alguns comentários sobre a extinção da raça dos pitt bulls. Talvez seja melhor para os cães, porque os humanos que os criam não estão preparados para valorizá-los e cuidá-los.

Continuo defendendo e repetindo-me: a culpa não é dos cães, é dos donos. Estes, sim, deveriam ser presos e surrados, enquanto os cães deveriam ser encaminhados para reabilitação. Solução que existe e que funciona mesmo.

Afinal, com compreensão, carinho, dedicação e, principalmente, amor, o que não se consegue??? Um cão é um cão, seu instinto é ser dócil, é ser amigo, é ser companheiro. Se ele ataca, é porque foi ensinado a atacar, um cão nunca é mau.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

4 de Outubro - dia de São Francisco!!!


Oração de São Francisco de Assis




Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.



Onde houver ódio, que eu leve o amor;



Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;



Onde houver discórdia, que eu leve a união;



Onde houver dúvida, que eu leve a fé;



Onde houver erro, que eu leve a verdade;



Onde houver desespero, que eu leve a esperança;



Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;



Onde houver trevas, que eu leve a luz.



Ó Mestre, Fazei que eu procure mais Consolar, que ser consolado;



compreender, que ser compreendido;



amar, que ser amado.



Pois é dando que se recebe,



é perdoando que se é perdoado,



e é morrendo que se vive para a vida eterna.

Hermano sol, hermana luna

Quem não se emociona???

Irmão Sol, Irmã Lua, uma grande lição de São Francisco!!!