quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Eu, Moçambique e o escritor


Confesso que, quando cheguei a Moçambique, há quatro anos, não conhecia a literatura do país. Infelizmente, no curso de Letras que fiz, as únicas literaturas contempladas eram a brasileira e a portuguesa. Uma falha enorme e injusta, porque a literatura africana, a moçambicana, neste caso, é fantástica.

Mas dizia que não conhecia nem o país nem a sua literatura. Uma vizinha, que acabou por se tornar uma grande amiga, emprestou-me um livro para ajudar-me a passar o tempo nos primeiros dias de adaptação. O livro chamava-se Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra, do Mia Couto. Na época, nem vi quem era o autor, interessava-me mesmo a história, que me surpreendia a cada página. Foi assim que comecei a conhecer Moçambique, através das páginas de um livro. Gostei tanto do livro que me interessei pelo autor. Fui pesquisá-lo na Internet e aí descobri que eu tinha uma defasagem literária muito triste… o autor era conhecido mundialmente, com muitos livros publicados, contos, crônicas, poesias e outros romances. Pronto, viciei nele. Li tudo o que encontrava. Cada vez gostava mais da sua escrita, com sua linguagem alada permeada de neologismos e adaptações linguísticas fantásticas.

Ontem, finalmente, consegui apertar sua mão. Aliás, dei-lhe dois beijinhos… e todas as minhas suspeitas confirmaram-se: ele é, realmente, uma pessoa sem igual. Eu fiz de tiete, pedi autógrafo, foto, só faltou mesmo fazer como aquelas fãs enlouquecidas e desmaiar…

E, no nervosismo de fã, acabei esquecendo tudo o que gostaria de perguntar e dizer ao Mia (sim, chamo pelo nome, porque, depois de tantas páginas, já adquiri uma certa intimidade!)… mas, afinal, tudo resumiria-se somente a uma frase:


Obrigada por me apresentar Moçambique!


Obrigada, também (ops, mais de uma frase…) pela paciência, pela simpatia e pela receptividade!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Balada da Neve - Augusto Gil


Batem leve, levemente
Como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
E a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
Mas há pouco, há poucochinho,
Nem uma agulha bulia
Na quieta melancolia
Dos pinheiros do caminho…

Quem bate, assim, levemente,
Com tão estranha leveza,
Que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
Nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
Do azul cinzento do céu,
Branca e leve, branca e fria…
- Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho,
Passa gente e, quando passa,
Os passos imprime e traça
Na brancura do caminho…

Fico olhando esses sinais
Da pobre gente que avança,
E noto, por entre os mais,
Os traços miniaturais
Duns pezitos de criança…

E descalcinhos, doridos…
A neve deixa inda vê-los,
Primeiro, bem definidos,
Depois, em sulcos compridos,
Porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
Sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
Porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
Uma funda turbação
Entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
- e cai no meu coração.

Hoje recebi um PPS com este poema. Dizia lá que é um dos poemas mais conhecidos da Língua Portuguesa. Eu, morrendo de vergonha, então, confesso: não conhecia.

Mas gostei imenso! Adorei!

Principalmente pelo jogo que o poeta faz com os nossos sentimentos.

Inicia o poema como uma festa, a neve chegando, enfeitando a paisagem - e nós vamos ficando empolgados, lá dentro pensamos: "que lindo!", e uma sensação de alegria vai-nos preenchendo.

De repente, balde de água fria... a imagem da criança descalça na neve, pezinhos doloridos que se vão arrastando. Toda aquela empolgação transforma-se em tristeza.

Será que era a intenção do poeta nos jogar esta água fria? Ou simplesmente o início do poema foi só para descrever o clima de neve?

De qualquer maneira, o poema é muito bom, apesar de nos deixar gelados...



Pedro Vicente...


Quando abriste os olhos pela primeira vez,
Iluminaste o mundo todo.
A luz azul dos teus faroizinhos brilhantes
Resumiu o universo a um olhar apenas.

E eu, sempre livre, fiquei cativa deste azul.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Extra! Finalmente começam a chegar boas notícias...

Publicado no Diário de Moçambique de hoje, p. 7:

Exército israelita deixa totalmente a Faixa de Gaza

O Exército israelita finalizou na manhã de ontem a sua retirada de Gaza e abandonou todas as suas posições na Faixa, confirmou um porta-voz militar.

“O último soldado israelita saiu de Gaza esta manhã cedo”, disse o porta-voz, que destacou que as forças “foram redistribuídas e estão fora da Faixa” preparadas para qualquer eventualidade.

As tropas israelitas entraram em Gaza a 3 de janeiro, após uma semana de bombardeamentos aéreos e marítimos sobre a Faixa, com o objectivo de reduzir a capacidade das milícias do Hamas de disparar foguetes contra o sul de Israel.

No domingo passado, Israel iniciou um cessar-fogo unilateral, que em princípio foi rejeitado pelo Hamas e as demais facções palestinianas em Gaza.

Mais tarde, essas milícias anunciaram também o seu próprio cessar-fogo e deram uma semana de prazo às tropas israelitas para que deixassem o seu território.

A operação israelita provocou a morte de mais de 1.400 palestinianos (410 de crianças e adolescentes de até 16 anos) e feriu cerca de 5.500, no que foi a ofensiva mais sangrenta na região desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

As três semanas de conflito na Faixa de Gaza deixaram 80 mil pessoas desabrigadas e a reconstrução da região atracada levará anos para ser concluída, segundo dados divulgados ontem, em Genebra, pelas Nações Unidas e o Comité Internacional da Cruz Vermelha. A ONU anunciou que começou a enviar à região psicólogos para ajudar crianças e famílias a superar os traumas do conflito.

“Gaza hoje é uma área que parece ter sofrido um enorme terramoto. Milhares de pessoas não têm para onde ir”, afirmou Guido Sabatinelli, responsável de Saúde da ONU nos territórios ocupados palestinianos. “A crise humana não vai terminar com o cessar-fogo. Precisamos ter corredores humanitários abertos e de liberdade para que bens possam entrar em Gaza”, afirmou.

Excelente notícia, não acham???

Pois eu penso que é somente o início das boas notícias. A simples retirada do exército israelita não basta.

Quero ler nos jornais, em letras garrafais, manchetes coloridas que me dizem: PAZ NO ORIENTE MÉDIO ou, melhor ainda... PAZ PERMANENTE NO MUNDO!!!

Enfim, nossa voz serviu de alguma coisa. Os milhares de e-mails enviados, textos escritos, petições assinadas devem ter ajudado nesta decisão.

Que este assunto não seja esquecido! Ainda há muito por fazer, muito por lutar, muito o que escrever.

No mesmo jornal da notícia acima, nas páginas centrais, há uma matéria sobre a destruição que assolou Gaza. E uma manchetezinha muito tímida dizendo "É inegável que Israel usou bombas de fósforo".

Os responsáveis pelos absurdos que aconteceram em Gaza têm de ser punidos, para que estas barbaridades nunca mais aconteçam!

Dica quentíssima!


PÁS x PAZ
na Faixa de Gaza

(poema de Al-Chaer)


Gostaram do poema aí em cima? Não é fantástico?

Descobri-o quando retribuí uma visita que recebi aqui no blogue. Este poema-processo e muitos outros maravilhosos podem ser encontrados no blogue do Moacy Cirne: Poema Processo 1967.

Dêem uma passadinha por lá e vejam que beleza!

Abraços!


quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Aos amigos... Stand by me

Ben E. King - Stand By Me


Composição: Ben E. King


When the night has come

And the land is dark

And the moon is the only light we'll see



No, I won't be afraid

No, I won't be afraid

Just as long as you stand

Stand by me



(Chorus:)

And darling, darling,stand by me,

oh now stand by me,

stand by me

stand by me



If the sky that we look upon

should tumble and fall

And the mountains should crumble to the sea



I won't cry, I won't cry,

No, I won't shed a tear

Just as long as you stand

Stand by me



And darling, darling, stand by me,

oh stand by me

Stand by me,

stand by me,

stand by me, yeah



Whenever you're in trouble

won't you stand by me, oh no

Stand by me

Oh stand by me,

stand by me,

stand by me





Tradução:



Quando a noite tiver chegado

E a terra estiver escura,

E a lua for a única luz que vemos,



Não, eu não terei medo

Não, eu não terei medo

Desde que você fique

Fique ao meu lado



Refrão:

Então querida, querida,

Fique comigo

Oh, fique ao meu lado,

Oh, fique

Fique ao meu lado,

Fique ao meu lado...



Se o céu que vemos lá em cima

Desabar e cair

Ou as montanhas desmoronarem no mar



Eu não chorarei, eu não chorarei

Não, eu não derramarei uma lágrima,

Desde que você fique

Fique ao meu lado



Quando você estiver com problemas,

você não contará comigo?

Oh, conte comigo

Oh, você não ficará agora?

Conte comigo

Amigos bons amigos

“Eu quero ter um milhão de amigos
e bem mais forte poder cantar”

Nunca parei para contar meus amigos, com certeza não tenho um milhão, mas talvez lá perto vá. Amigos que estão aqui ao lado, amigos distantes, amigos de Internet, amigos de quem há muito não tenho notícias, amigos que falei ainda hoje… tantos amigos!

Lembrei deste trechinho da música do Roberto Carlos porque uma amiga iluminou meu dia logo cedinho com um telefonema. Sabe, daqueles que a gente não espera… surpresa total! E como é bom falar com pessoas que estão tão perto do nosso coração!

Juntei a lembrança da música ao conselho de um outro amigo. Disse-me que escrevesse sobre os “bons”, depois de ler um texto meu sobre os “maus”. Vou tentar, amigo!

Mas afinal, quem são os “bons”? Einstein já disse: tudo é relativo, depende do ponto de vista. Será?

Um outro amigo disse-me que para ser “bom” não precisamos nos desdobrar em caridades, abrir mão da nossa vida em favor de outros. Simplesmente precisamos não praticar o mal. Parece o caminho mais fácil, mas é, com certeza, muito mais difícil. É complicado ser bom, ser justo e, principalmente, ser imparcial. Inconscientemente praticamos o mal todos os dias. Num pensamento, numa ação ou simplesmente num olhar, numa impressão. Ajudar os outros é fácil… dar um prato de comida a um pedinte é fácil, levantar um caído do chão é fácil. Mas fazer isso sem julgar, aí é que quero ver!

Mas lá estou eu, caindo novamente na tentação de julgar a raça humana, quando o propósito do texto é falar dos bons.

Bons, então, são meus amigos, todos, o quase milhão de pessoas que me cercam. Bons são os amigos que me acompanham nesta tentativa de sermos bons. Bons são os amigos que telefonam às vezes, assim, de surpresa, os amigos que escrevem somente no Natal, os que passo anos sem ver ou ter notícias e, um dia, num reencontro, abrem um sorriso num abraço que diz tudo. Bons são os amigos que já se foram e os que hão de vir.

Porque pessoas boas são as que tentam com toda sua força não praticar o mal. E todas essas são minhas amigas.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O Jogo da Terra Alheia


O povo que não tem pátria, patriota,
combate o povo que ontem nem pátria tinha.
E o fato é que o mais fraco
vai de novo pagar o pato
sem que se saiba ao certo
se o ovo nasceu primeiro
ou se, ao contrário,a galinha.


É isto fábula de rato e gato?
história de cordeiro e lobo?
De fato o povo que outrora
não tinha pátria própria
combateu em pátria alheia
para ter sua própria pátria.
E agora na pátria própria
combatem em alheia pátria
os que, sem pátria, combatem
prá ter, enfim, pátria própria.


Não se sabe por que não podem
compartir a própria pátria
esses que compartem a pátria alheia.
São aranhas enredadas
no ódio da própria teia?
Por que não compartem a terra e o céu
como as flores e pássaros
compartem a aldeia?
Há fim? há princípio
nesta história redonda e torta?
Por que não compartem a sorte
e a vida, esses compatriotas
do horror e morte? Além do mais,
se há tanto tempo compartem a guerra
por que não podem compartir a paz?


(Affonso Romano de Sant'Anna)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Um olhar israelense sobre um poeta palestino

Mahmoud Darwich: a ira, a saudade, a esperança
Por
Uri Avnery, 85 anos, ex-deputado do Knesset (parlamento israelense), soldado que ajudou a fundar Israel em 1948 e que há décadas milita pela paz.


Uma das frases mais sábias que jamais ouvi em minha vida ouvi-a de um general egípcio, poucos dias depois da visita histórica de Anuar Sadat – a visita da vitória –, a Jerusalém.

Fomos os primeiros israelenses a chegar ao Cairo, e, dentre outras curiosidades, queríamos muito saber: como os egípcios haviam conseguido nos surpreender, no início da guerra de outubro de 1973?

O general respondeu: “Em vez de ler relatórios dos serviços de inteligência, vocês deveriam ler nossos poetas.”

Pensei nestas palavras na quarta-feira passada, no funeral de Máhmoud Darwísh.

Durante a cerimônia em Ramállah, vários se referiram a ele como “o Poeta Nacional da Palestina”.

Aquele morto foi muito mais do que isto. Foi a encarnação do destino dos palestinos. Seu destino pessoal coincidiu com o destino de seu povo da Palestina.

Darwísh nasceu em al-Birwa, vila na estrada Acra-Safad. Há 900 anos, um viajante persa contou que visitou esta vila e ajoelhou-se nos túmulos de “Esaú e Simeão, que descansem em paz.” Em 1931, dez anos antes de Mahmoud nascer, viviam na mesma vila 996 habitantes, dos quais 92 cristãos; os demais, muçulmanos sunitas.

Dia 11 de junho de 1948, a cidade foi ocupada pelo exército de Israel. Suas 224 casas foram derrubadas logo depois da guerra, exatamente como em outras 650 vilas da Palestina. Só alguns cactos e poucas ruínas ainda testemunham que aquelas vilas um dia existiram. A família Darwísh fugira pouco antes da chegada das tropas; e o pequeno Mahmoud, de sete anos, partiu com os parentes.

Não se sabe como, a família conseguiu voltar – para onde então já era território israelense. Receberam documentos de "ausentados presentes [1]" – espantosíssima invenção israelense. Significava que eles seriam residentes legais em Israel, mas que suas terras lhes haviam sido roubadas, nos termos de uma lei que dizia que qualquer árabe perderia a propriedade de suas terras se não estivesse fisicamente presente na vila quando fosse ocupada. Nas terras da família Darwísh foi construído o kibbutz Yasur (do movimento de esquerda israelense) e implantou-se a vila-cooperativa Ahihud.

O pai de Mahmoud instalou-se na vila árabe mais próxima, Jadeidi, de onde podia ver de longe as suas terras. Aí Mahmoud cresceu e sua família ainda vive, até hoje.

Durante os 15 primeiros anos do Estado de Israel, os cidadãos árabes viveram sob um “regime militar” – sistema de repressão severa que controlava todos os aspectos da vida, inclusive todos os movimentos. Nenhum árabe podia viajar para fora de sua vila sem permissão especial. O jovem Mahmoud várias vezes violou esta proibição; e sempre que foi apanhado foi encarcerado. Quando começou a escrever poesia, foi acusado de incitar a sublevação e posto sob “detenção administrativa”, sem julgamento.

Na prisão, então, escreveu um de seus poemas mais conhecidos, “Carteira de Identidade”, poema em que se manifesta a ira de um jovem que cresceu em condições de humilhação. O primeiro verso troveja para o mundo: “Lembrem: sou árabe!”

Neste período encontrei Darwísh pela primeira vez. Procurou-me e trouxe outro jovem árabe, nascido em outra vila árabe, e com forte compromisso político nacional, o poeta Rachid Hussein. Lembro do que Hussein disse-me, naquele dia: “Os alemães mataram seis milhões de judeus, e apenas seis anos depois os judeus fizeram a paz com a Alemanha. Conosco, os judeus não querem a paz.”

Darwísh alistou-se no Partido Comunista, o único partido, político, então, em que um nacionalista árabe poderia atuar politicamente. Editou jornais. O partido mandou-o estudar em Moscou, mas o expulsou quando ele decidiu não voltar a Israel. Em vez de voltar, alistou-se na OLP e foi para os quartéis de Yásser Arafat em Beirute.

Lá o reencontrei outra vez, num dos eventos mais emocionantes de minha vida, quando cruzei a fronteira em julho de 1982, no auge do sítio de Beirute, e tive uma reunião com Árafat. O líder palestino insistiu em que Máhmud Darwísh assistisse àquele encontro simbólico: era a primeira vez que Árafat encontrava-se com um israelense. Mandou chamar Darwish.

A descrição do sítio de Beirute é um dos trabalhos mais impressionantes de Darwísh. Naqueles dias, converteu-se em poeta nacional da Palestina. Acompanhou a luta dos palestinos; nas sessões do Conselho Nacional Palestino – instituição que uniu todo o povo da Palestina, eletrizava multidões com seus versos, que ele mesmo declamava.

Naqueles anos, Darwísh viveu muito próximo de Arafat. Arafat foi o líder político do movimento nacional na Palestina; Darwích foi seu líder espiritual. Darwísh escreveu a Declaração de Independência da Palestina, adotada na sessão de 1988 do Conselho Nacional por iniciativa de Arafat. É muito semelhante à Declaração de Independência de Israel, que Darwísh aprendera na escola primária.

Ele claramente entendeu a significação de seu discurso: ao adotar este documento, o parlamento palestino no exílio aceitava, na prática, a idéia de estabelecer-se um Estado palestino lado a lado com o Estado israelense, apenas numa parte da Palestina, como Arafat propusera.

A aliança entre os dois rompeu-se quando foram assinados os acordos de Oslo. Para Árafat, tratava-se de “o melhor acordo possível, na pior situação possível”. Darwísh entendeu que Arafat concedera demais. O coração nacional impôs-se à mentalidade nacional. (Este debate histórico ainda não está concluído hoje, embora os dois já estejam mortos.)

Desde aquela época, Daruích viveu em Paris, Aman e Ramállah – o palestino errante, que substituiu o judeu errante.

Nunca quis ser o poeta nacional. Não queria fazer poesia política; queria ser lírico, poeta do amor. Mas para qualquer lado para o qual se virasse, o longo braço do destino dos palestinos o alcançava e o arrastava de volta.

Não tenho capacidade para avaliar seus poemas ou a grandeza artística de Deruíche. Reconhecidos especialistas em língua árabe ainda discutem furiosamente entre eles o significado de seus versos, nuances, camadas, imagens e metáforas. Foi mestre em árabe clássico, e também vivia à vontade entre poetas ocidentais e israelenses. Para muitos, Deruíche foi o maior poeta da língua árabe e dos maiores de nosso tempo.

Pela poesia, conseguiu o que não conseguira fazer por outros meios: unificar todas as fraturas e fragmentos que dividem ainda o povo palestino – na Cisjordânia, na Faixa de Gaza, em Israel, nos campos de refugiados e em toda a Diáspora. Pertenceu a todos os palestinos. Os refugiados identificavam-se com Daruích porque era um deles; os cidadãos palestinos-israelenses também, porque também era um deles; e os que vivem nos territórios palestinos ocupados, porque foi um guerreiro incansável contra a ocupação.

Esta semana, alguns cabeças da Autoridade Palestina tentaram explorá-lo, na luta contra o Hamas. Duvido muito que Daruích concordasse com isto. Embora fosse palestino absolutamente secular e muito distante do mundo religioso do Hamás, ele manifestava os sentimentos de todos os palestinos. Também falava à alma dos membros do Hamás em Gaza.

DARWISH foi o poeta da ira, da saudade, da esperança e da paz. Estas foram as cordas de seu violino.

Ira, pela injustiça cometida contra o povo palestino e contra cada filho da Palestina, individualmente. Saudade, do “café de minha mãe”, das oliveiras de sua aldeia, da terra dos antepassados. Esperança de que a guerra chegue ao fim. Apoio à paz entre israelenses e palestinos, baseada em justiça e respeito mútuo. No documentário da francesa-israelense Simone Bitton, Darwísh apontou o burrico como símbolo do povo palestino; o burrico é inteligente, paciente e sempre encontra meios para sobreviver.

Entendia a natureza do conflito mais claramente que a maioria dos israelenses e dos palestinos. Dizia que aquele conflito era “uma luta entre duas memórias”. A memória histórica da Palestina colide contra a memória histórica dos judeus. Só haverá paz quando um lado entender a memória do outro lado – seus mitos, suas saudades secretas, as esperanças, os medos.

Este o significado do que disse o general egípcios: a poesia manifesta os sentimentos mais profundos dos povos. E só onde se compreendam estes sentimentos pode haver verdadeira paz. A paz costurada pelos políticos não vale grande coisa, se não houver alguma paz entre os poetas e a emoção dos muitos que a poesia manifesta. Por isto Oslo foi um fracasso. Por isto também o “acordo de prateleira” que está sendo negociado será também completamente inútil: nada tem a ver com as emoções e os sentimentos de palestinos e israelenses, os povos.

Há oito anos, o então ministro da Educação de Israel, Yossi Sarid tentou incluir dois poemas de Deruíche no currículo das escolas em Israel. Houve escândalo, e o primeiro-ministro, Ehud Barak, decidiu que “o público israelense não está preparado para isto”. É o mesmo que Barak ter decidido que o público israelense não está preparado para a paz.

Talvez ainda seja verdade. A verdadeira paz entre dois povos, paz entre as crianças que nasceram na semana corrente, no dia do funeral de Deruíche, em Telaviv e em Ramállah, só será viável quando os alunos árabes puderem ler os versos imortais de Chaim Nachman Bialik “O vale da morte”, sobre o pogrom de Kishinev, e quando os alunos israelenses puderem ler os versos de Daruích sobre a Naqba [a Catástrofe]. E, sim, também os poemas da ira, inclusive o verso “Vão! E levem daqui a morte de vocês!"

Sem entender e encarar com coragem a ira flamejante contra a Catástrofe e suas conseqüências, jamais entenderemos as raízes da guerra e não saberemos construir a paz. Como escreveu outro grande intelectual da Palestina, Edward Said: sem entender o impacto do Holocausto na alma dos judeus, os palestinos nunca entenderão os israelenses.

Poetas são os generais na luta entre duas memórias, entre os mitos, entre os traumas. Precisamos muito de poetas na estrada que levará à paz entre israelenses e palestinos, entre dois Estados, para construirmos um futuro comum.

Não estive presente às cerimônias funerais organizadas pela Autoridade Palestina na Mukata, tão organizadas, tão encenadas. Cheguei duas horas depois, quando o corpo de Daruích foi enterrado numa bela colina, pairando sobre o cenário.

Impressionou-me o povo, reunido sob sol escaldante à volta do túmulo, ouvindo uma gravação da voz de Deruíche declamando seus versos. Gente simples, gente menos simples, unidos com o homem morto, numa comunhão privada. Apesar de serem milhares, abriram alas para nos deixar passar; nós, israelenses, que ali estávamos para reverenciar Máhmoud Daruísh.

Nos despedimos silenciosamente de um grande filho da Palestina, um grande poeta, um grande ser humano.

“Os alemães mataram seis milhões de judeus, e apenas seis anos depois os judeus fizeram a paz com a Alemanha. Conosco, os judeus não querem a paz.” (Rachid Hussein, poeta palestino)

Amigos, podem encontrar algumas poesias de Darwich aqui mesmo no Devezenquandário: Mahmoud Darwich
.

Guerra


Aos que ficam
resta o recurso
de se vestirem de luto


......................................................


Ah, cidades!
Favos de pedra
macios amortecedores de bombas.


(José Craveirinha)

Pedro Du Bois


SAGA

...

sempre haverá a música das águas

enganosas em sereias e serpentes

porque delas somos feitos

em cada instante de medo

e de felicidade


da falsa impressão de liberdade

não carregamos a carga

que na viagem longa

não se deve sobrecarregar o corpo

e nos desvãos do antes

ficam as falsas esperanças


...


(Pedro Du Bois, em POETA EM OBRAS, Vol. VI, fragmento)

Pedro Du Bois é um poeta gaúcho, meu conterrâneo, radicado em Santa Catarina. Seus poemas são instigantes, profundos e marcantes. Leiam mais em seu blog:
http://www.globoonliners.com.br/icox.php?mdl=pagina&op=listar&usuario=5812 .

Água e luz...

Hoje é o último dia da Semana Gaza aqui no Devezenquandário. Não quer dizer, claro, que não se falará mais desse assunto, mas já não terá a exclusividade.

Não postei nos últimos dias porque a Internet não estava funcionando aqui e, ontem, tive um dia que me lembrou um pouco da situação dos nossos irmãos lá em Gaza. Claro que em proporções mínimas…

Fiquei 24 horas sem luz e sem água. O calor de 40ºC castigou muito, não tínhamos onde ficar, não havia lugar fresco, a brisa que havia no jardim não era suficiente para refrescar-nos. Terrivelmente quente, havia momentos de quase desespero, pois o calor parecia queimar-nos a pele. Meu bebê, de onze meses, suava muito, apesar de estar vestindo somente a fralda.

Minha família e meus amigos lá de Blumenau, em Santa Catarina, com certeza sabem do que falo. Eles também ficaram dias sem água e luz, também por conta da ignorância e ganância humanas.

E isso me fez pensar naqueles nossos irmãos. Bom, lá não há tanto calor nesta época, mas há a falta de luz e de água constante. E de alimentos e de muitos etecéteras. Quando fiquei um dia apenas sem água e luz, já me senti terrivelmente mal, irritada, até desamparada. Mas isso não é nada se comparado ao que se passa em Gaza.

Não sugiro que os leitores passem pela experiência, mas pelo menos que imaginem estar nesta situação. O que imaginarem sentir, multipliquem por mil, por um milhão, por um bilhão e aí, talvez, consigam chegar perto do sentimento dos palestinos lá de Gaza.

Boa semana para todos, muita luz, amor e paz!!!

E que a água e a luz elétrica não faltem!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Mahmoud Darwich

Mahmoud Darwish (1941-2008) - Poeta palestino, testemunhou a destruição de sua aldeia, Al Birweh, durante a implantação do Estado de Israel em 1948.


Confissão de um terrorista!

Ocuparam minha pátria
Expulsaram meu povo
Anularam minha identidade
E me chamaram de terrorista

Confiscaram minha propriedade
Arrancaram meu pomar
Demoliram minha casa
E me chamaram de terrorista

Legislaram leis fascistas
Praticaram odiada apartheid
Destruíram, dividiram, humilharam
E me chamaram de terrorista

Assassinaram minhas alegrias,
Seqüestraram minhas esperanças,
Algemaram meus sonhos,
Quando recusei todas as barbáries

Eles... mataram um terrorista!

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Chamada da Tumba

Em memória do massacre de Kafr Kassem*

I
Minha morte aconteceu há oito anos
Tenho a mesma idade de meu pai
Chamamos a todos os viventes
A todos os que querem viver por muito tempo
Sobre a terra
Não debaixo dela
A todos os que querem
Que a trigo madure em seu campo
Semear e colher
Que a massa fermente em seus lares
Fazer o pão e comê-lo
Nós lhes pedimos: não durmam
Se querem viver por muito tempo
Sobre a terra
Não debaixo dela
Montem guarda... aqui o sol é de barro e miséria
Nossa idade se conta em anos de morte
Minha morte aconteceu há oito anos
Tenho a mesma idade de meu pai

II
Dizemo-lhes
Não queremos sobre nossas tumbas
Nem água nem flores
Nada está vivo aqui
Apenas os casulos de víbora e os vermes
Dizemo-lhes
Não queremos roupas de luto
Não há na tumba outra cor
Que a preta
Dizemo-lhes
Não queremos canções tristes
Intermináveis
Dormimos aqui
E nosso retorno é impossível
Dizemo-lhes
Cantem pela terra que permanece
Rebelem-se
Ensinem nossa história sombria
Aos filhos
A fim de que nosso sangue
Permaneça na bandeira dos criminosos
Como sinal de catástrofe
Pedimos-lhes
Protejam os fracos das balas
Para que os que vivam fiquem salvos
E os que nascerão no futuro
Ainda goteja a fonte do crime
Obstruam-na
E permanecem vigilantes
Prontos para o combate

*Cidade convertida em santa após o massacre de 29 de Outubro de 1956.

Alguns dos verdadeiros motivos

Israel está, na verdade, de olho nas reservas de gás natural que ficam na costa de Gaza.

Vejam a matéria em: http://resistir.info/ , em português e no original, em inglês: http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=11680

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Guerras religiosas, guerras mentirosas


Durante séculos, milênios, a humanidade inventou guerras em nome da religião. Declaradas ou escondidas em desculpas torpes, estas guerras torturaram, mutilaram, queimaram, destruíram, mataram. Tudo em nome de um deus (coloco aqui em letra minúscula porque este “deus” não chega nem perto do conceito verdadeiro de Deus) vingativo, frio, sarcástico e, acima de tudo, mau, muito mau.

Outro dia assisti a um filme sobre um massacre que ocorreu no século XIX nos Estados Unidos. Um grupo de emigrantes, que passava por uma terra controlada por mórmones, foi violentamente sacrificado por estes religiosos. O bispo mórmon dizia ter recebido esta ordem diretamente de Jeová, justificando, assim, a carnificina. Mulheres, crianças, velhos, foram todos mortos a tiros, salvando-se somente as crianças com menos de oito anos por não terem a capacidade de lembrar-se mais tarde do acontecido. Mas não é bem sobre isso que quero escrever e, se alguém quiser saber mais, está bem explicadinho na Wikipedia. É só procurar por "Massacre da Montanha Meadow".

Queria – e quero – escrever sobre este absurdo que são as chamadas guerras religiosas. As que estão mais vivas na nossa consciência são justamente as veladas, como a Inquisição e as Cruzadas. Como matou-se em nome daquele deus…

O que nem todo mundo sabe – ou não quer saber, ou simplesmente nunca pensou no assunto – é que este Deus (agora sim, com letra maiúscula), ou Jeová, ou Alá, ou seja lá que nome se Lhe dê, é o mesmo. Eu, como não sou nada religiosa, acredito que há um ser de luz incomensurável, de bondade infinita, que nome nem religião nenhuma consegue conter. E todos os “deuses” de todas as religiões são, no fundo, um só, o mesmo. Explico logo…

No livro Civilizações Pré-Clássicas (Lisboa, Univ. Aberta, 1995, p. 320), António Augusto Tavares escreve:

O panteão sumério com a sua trindade básica influenciou o panteão dos Acádios, dos Babilônios e dos Assírios. Nesse processo, houve certamente a assimilação das divindades antigas, fenômeno resultante das próprias vicissitudes políticas. Assim, quando os Assírios dominaram em toda a Mesopotâmia, o próprio deus Assur entrou em Babilônia e quando esta subjugou a Assíria, foi o deus Marduk que se impôs aos Assírios.

Estamos falando em cerca de 2500 anos a.C. Devido às conquistas políticas, os povos colonizadores levavam sua religião para as terras conquistadas, que se fundia com a religião local. A trindade religiosa já existia. Neste mesmo livro, fala-se da trindade dos sumérios: An, deus do céu, Enlil, deus da atmosfera e Nin-hursag, a Grande Mãe. Mais tarde, os sumérios são subjugados pelos acádios, que têm como maior divindade o deus El[1], mas o antigo deus sumério Enlil continua a ser tolerado. Avançando um pouco na história, os babilónicos, no tempo de Hamurábi, substituem o deus Enlil pelo deus Marduk, de igual valor e poderes. Não será o mesmo deus?

Mesmo nestas religiões pré-clássicas, politeístas, existia um deus maior, o “chefe” de todos, assim por dizer, e os deuses “menores”, que representavam as forças da natureza, os sentimentos, os desejos humanos. O mesmo acontece na época clássica, tanto na Grécia como em Roma. Zeus é o deus maior, cercado por outros deuses menores. Isso não lembra, por acaso, o caso cristão católico, com Deus e seus santos? Não representam estes santos justamente o que os deuses do Olimpo, por exemplo, representavam? E, pelo pouco que conheço da religião muçulmana, não existem os profetas, que fazem justamente o papel destes “deuses menores”?

Voltando à trindade, ela existe no caso budista, no cristão, no hindu e em muitas outras religiões, sendo somente negada pelo judaísmo que, por outro lado, possui diversos nomes para Deus, retomando a idéia de pluralidade.

Bom, todos estes dados mal pesquisados e sem grandes referências bibliográficas servem para justificar uma idéia que tenho já há algum tempo. Pode ser loucura minha, alguns podem até chamar-me herege (em qualquer religião), quem sabe até seja excomungada, como faziam antigamente com quem tinha certas idéias diferentes… mas acho que faz um sentido muito grande… lá vai, então…

Todas as religiões têm a mesma origem, partilham de um ou outro conceito ou dogma, as crenças são semelhantes. Logo, todas são apenas uma, dividida em vários ramos. Que tal? Mesmo dentro de cada um destes ramos, há outras ramificações. O cristianismo dividiu-se, o islamismo dividiu-se, o judaísmo dividiu-se, o budismo dividiu-se………. (muitas reticências mesmo!). Assim como o mundo evolui, as religiões também evoluem, os fiéis cada vez mais (e porque hoje em dia já podem) começam a pensar e raciocinar sobre dogmas que em outros tempos eram sagrados e incontestáveis. E isto não é um fenômeno da época moderna, claro! Lá nos tempos pré-clássicos isso já acontecia.

Resumindo e concluindo, não há fundamento nenhum quando o argumento de uma guerra é religioso. Primeiramente porque TODAS as religiões, sem exceção nenhuma, rigorosamente pregam o amor, a paz e a justiça. E onde estes três imperam, não pode haver guerra. Segundo, porque, se todas as religiões têm a mesma origem, bem lá no fundo são a mesma, não há diferença entre elas e, se não há diferença, não há por que brigar…

Concordam? Discordam? Digam alguma coisa. Podem chamar-me infantil, absurda, podem dizer que tudo isso é baboseira. Mas, bem lá no fundo, será que nada disso que escrevi faz sentido???

[1] Só por curiosidade, este nome, “El”, do deus acádico, é, por acaso, um dos vários nomes de Deus para a religião judaica.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Pensamento do dia

Esta é do meu grande amigo Giba, um filósofo, embora ele não saiba disso...

Sofrimento é sofrimento, seja em Gaza, no Zimbábuê ou em qualquer lugar do mundo. Não acredito que um supere o outro em grau de qualificação e é sempre perigoso fazermos nossos julgamentos motivados emocionalmente. Por isso digo que não vejo solução para os problemas que se apresentam no mundo; desde uma briga no trânsito, passando pela crueldade do Mugabe até a intolerância do conflito em Gaza. Nós exigimos providências, gritamos, queimamos bandeiras, fazemos conferências pela paz... e nada. E nenhum resultado sairá disso. Miramos o alvo errado, como se o problema estivesse fora de nós. Mas somos nós os agentes causadores. Somos a única espécie, que se extinta, beneficiaria todas as demais (li isso num texto de ecologia e tava doido pra usar). Não estou propondo que nos matemos a todos tomando veneno (já fazemos isso de forma total), mas acho que toda mudança coletiva passa antes pela mudança pessoal. Mas aí você vai dizer - Isso é o óbvio ululante! - É óbvio mas não é posto em prática, ao menos não de uma maneira que funcione. E esse é todo o problema: como e o que fazer para se pacificar a humanidade e de que maneira isso funcionaria? Utopia pura.

As Pernas Curtas do Judeu Errante - Raul Longo



Este cartoon está circulando por toda a Internet. Alguns de vocês já o devem ter recebido.

E, neste caso, é verdade que uma imagem vale mais do que mil palavras...


Já disse muitas vezes que não sou escritora. E também já disse que sobre Gaza tudo já foi dito. Sendo assim, transcrevo abaixo um texto de um excelente escritor, lá de Santa Catarina, extremamente esclarecedor. Espero que gostem tanto quanto eu.

AS PERNAS CURTAS DO JUDEU ERRANTE
Raul Longo

O presidente de Israel, Shimon Peres, prêmio Nobel da Paz em 1994, justificou-se ao mundo pela desproporção e selvageria do massacre do gueto de Gaza, alegando que a chacina de civis e crianças deve-se ao fato de serem usados como escudo humano pelo Hamas.

No mesmo dia, mais uma notícia do genocídio: duas escolas da ONU foram bombardeadas, esquartejando e matando dezenas de crianças.

A ONU usaria crianças de escudo? Escudaria o Hamas?

Segundo as velhas avós, as mentiras de Shimon Peres é que têm pernas curtas.

A ONU - Organização das Nações Unidas foi criada em 1945, logo ao final da II Guerra para substituir a Liga das Nações que resultou da I Guerra Mundial, em 1919. Os Estados Unidos não assinou o Tratado de Versalhes que criou a Liga das Nações e tampouco aquela entidade conseguiu cumprir com a proposta de evitar agressões bélicas. Daí, criou-se a ONU para o cumprimento da mesma promessa.

Em 1947, o brasileiro Oswaldo Aranha preside a Assembléia da ONU que cria o Estado de Israel dentro do Território Palestino, então, e desde a queda do Império Turco-Otomano, sob domínio do Império Britânico.

Em 1948, um grupo dos mais significativos intelectuais judeus alertam ao mundo, pelo New York Times, a ameaça de um partido nazi-sionista com nefastas projeções futuras. Esse documento está reproduzido aí abaixo, e foi enviado pelo companheiro Fernando Rosas Freire.

Nazi é a abreviatura de Nazista, do alemão Nationalsozialismus, ditadura que governou a Alemanha entre 1933 - 1945 e, aliando-se a ditadura Fascista da Itália e o Império Japonês, pretendeu dominar o mundo invadindo diversos países da Europa, África, Ásia e Polinésia.

A ditadura nazista foi apoiada e financiada pelo capitalismo internacional, notadamente o norte-americano, como documenta o jornalista Michel Moore contando em seu livro Uma Nação de Idiotas,que o bisavô e o avô de Bush enviavam dólares à Alemanha, mesmo depois de os Estados Unidos terem entrado na guerra contra o Terceiro Reich.

Michel Moore nunca foi desmentido. Michel Moore não tem pernas curtas.

Se é difícil acreditar que os estadunidenses tenham financiado o nazismo, mais difícil ainda é acreditar que judeus possam ser nazistas, afinal milhares de judeus foram massacrados exatamente da forma que os sionistas hoje estão massacrando os palestinos em Gaza. E foram humilhados e violentados pelos nazistas, exatamente como os nazi-sionistas humilham e violentam os palestinos desde a criação do Estado de Israel, conforme relatado aí nesta carta dos intelectuais judeus ao New York Times.

Mas como acreditar que judeus possam ser nazistas?

Primeiro é preciso lembrar que entre os judeus vítimas do genocídio nazista havia os de classe média, muitos socialistas, e a maioria dos 6 milhões da vítimas das câmaras de gás era tão pobre quanto os milhares de ciganos também exterminados, embora sempre omitidos.

No entanto, não há notícia de nenhum banqueiro, grande industrial, proprietário de cadeias internacionais de lojas especializadas em artigos finos, comerciantes de jóias, mercador de importações e exportações; ainda que entre os maiores e mais ricos burgueses da Europa se destacassem muitos judeus.

Esses são os judeus aos quais se refere o documento abaixo. São esses os que hoje se associam aos grandes empreendimentos petroleiros, inclusive aos sheiks dos mais ricos países árabes. São os que intermedeiam e negociam interesses do hemisfério norte com seus ricos primos sauditas, prosseguindo uma tradição que se iniciou já no início dos 8 longos séculos em que os muçulmanos se estabeleceram na península Ibérica.

Atrás dos então chamados mouros foram os antigos judeus que, abandonando a Palestina, preferiam comercializar com seus primos semitas. Uma verdade histórica que desmente outra mentira de perna curta: a de que judeus, mulçumanos e cristãos sempre se engalfinharam. É só ler os contos das Mil e Uma Noites para se perceber que conviveram tolerantemente por muitos séculos. O anti-judaísmo é um preconceito religioso de cristãos europeus, que não teve qualquer repercussão entre muçulmanos e cristãos árabes antes da criação do Estado Nazi-Sionista de Israel.

Omite-se, inclusive, que 40% da população Palestina é cristã. Mais uma das pernas curtas dos mentirosos que acusam aos palestinos de atacarem Israel por fundamentalismo islâmico.

Hebreus, árabes, assírios, aramaicos e fenícios são todos o mesmo povo semita. Isso está em qualquer dicionário, encurtando as pernas das mentiras que acusam preconceitos étnicos. Etnia e religião são mentiras que escondem os interesses envolvidos no embate de sionistas e árabes, como se escondeu os verdadeiros interesses dos que diziam financiar Hitler para conter Stálin, ou apoiar Sadam Hussein para conter o Irã, e armar os Talibãs contra a União Soviética. Pernas curtas, tiveram de guerrear contra Hitler, Sadam e Talibãs.

Mas se Hitler foi derrotado na Segunda Guerra mundial, muitos foram os indícios da continuidade do nazismo, já apontados neste documento enviado por Fernando Freire. Um deles está no impressionante declínio da presença judaica na Europa. Por 12 séculos esses semitas contribuíram com as mais altas expressões da cultura européia: música, teatro, literatura, artes plásticas, filosofia, ciências. Em cinco décadas a grande maioria foi enviada para estabelecer o domínio da entrada da grande reserva petrolífera do mundo. Spinozas, Freuds, Marx, Einstens, transformados em covardes Golias a revidar com obuses e míssil as pedras de pequenos Davis sem estrelas nem direito ao quarto crescente de suas preferências.

O Estado de Israel, criado pela ONU em 1947, foi uma mentira de perna tão curta que já no ano seguinte foi desmentido pelos próprios judeus que assinaram o documento aí abaixo, mas ainda hoje muitos jovens israelenses se recusam a se transformar em genocidas e, pela internet, estão pedindo socorro ao mundo por maus tratos e humilhações a que vêm sendo submetidos pelos nazistas de seu país.

Resta saber, qual será o comprimento das pernas da ONU, agora que o estado sionista assume declaradamente todo horror que o mundo execrou nos nazistas. Qual será a reação da ONU ao ataque as suas próprias instalações e delegações de ajuda humanitária. Nem mesmo Adolf Hitler ousou ser tão descomprometido e ameaçador à manutenção da Paz mundial!

Já não se trata apenas do absoluto desrespeito ao mais importante documento promulgado por aquela entidade, a Declaração dos Direitos Humanos, como vêm fazendo desde a instalação do estado nazista, conforme acusam os intelectuais judeus abaixo assinados. Trata-se, agora, da promoção de mais um holocausto. O mesmo holocausto que talvez se desconhecesse antes da invasão dos países ocupados e da Alemanha dos anos 40 do século passado, mas hoje está estampado nas telas dos aparelhos de TV e monitores de todo o mundo.

Trata-se de um crime contra a humanidade ao qual a anuência não justifica sequer a instituição de uma nação, quanto mais a de uma Organização das Nações Unidas!

Utiliza-se contra a indefesa população palestina emparedada pelos muros da ignomínia nazi-sionista, tudo o que todos os tratados e tribunais internacionais sempre condenaram: bombas de fragmentação, armas químicas, urânio empobrecido contra mulheres e crianças. Esquartejamentos em massa.

Em 12 dias, ceifou-se mais de 700 vidas! Nessa progressão, em pouco irão ultrapassar Auschwitz, Treblinka, gueto de Varsóvia e demais campos de extermínio dos anos 40. Gaza se faz nova Lídice!(1)

A omissão da ONU e do mundo sobre este genocídio, invalida o julgamento de Nuremberg. Invalida a condenação dos massacres de Ruanda. Inutiliza o julgamento dos exterminadores da Bósnia.

A omissão de sanções severas e inequívocas contra o Estado de Israel por parte de qual instituição for, seja a ONU, o Vaticano, o governo francês, inglês, alemão, os Estados Unidos, a Rússia, a China, o Brasil, a Argentina ou qualquer outro país, inclusive e principalmente as instituições que representem a consagrada intelectualidade israelense, e até mesmo grandes instituições privadas de todo o mundo, reduzirá cada um a uma grande e fragorosa mentira. Promoverá a Al Qaeda, o Talibã, os grupos terroristas de todo o mundo, em últimas alternativas para algum restabelecimento de civilização.

Que os meios internacionais de comunicação façam uma cobertura tendenciosa desse escandaloso primeiro genocídio bélico do século XXI (embora pela África prossiga o iniciado há muitos séculos atrás), é possível compreender sabendo-se que todos detém dívidas e interesses relacionados ao nazi-sionismo, quando não são majoritariamente de propriedade desses mesmos nazistas.

Mas que governos e instituições minimamente responsáveis continuem se mantendo surdos e omissos a consumação do que já foram publicamente alertados em 1948 pela representatividade dos nomes que assinaram a advertência reproduzida adiante, é aterrador ao nosso futuro como humanidade.

(1)Lídice - Em 1942 um oficial da SS foi emboscado e morto pela resistência da Tchecoslováquia ocupada. Em represália Hitler ordenou a destruição da vila de Lídice e toda sua população (340) foi exterminada: homens, mulheres e crianças. Mas a vingança nazista não se resumiu a Lídice e 1.500 vidas foram exterminadas em demais cidades daquele país. Quantas vidas o mundo aguarda que sacie a vingança nazi-sionista pelas paredes derrubadas por foguetes da resistência da Palestina ocupada?

Paz em Gaza, para ter paz em casa

Eu sei, eu sei... disse que não iria mais escrever sobre Gaza, porque dói muito encarar esta barbaridade...

Mas recebi um e-mail que não posso ignorar. É da Lílian Maial, da REBRA (Rede de Escritoras Brasileiras). Transcrevo abaixo:


Parem tudo!

Não podemos ficar de braços cruzados diante da chacina!

Não importa se é lá longe, se é por razões que não entendemos, se não nos diz respeito. Espera aí! Como não nos diz respeito? Somos todos a mesma coisa, da mesma espécie: pele e osso, sangue e lágrima, vida que faz vida. Não podemos ficar impassíveis diante de qualquer horror! Não podemos ter paz na nossa casa, se há tanta desumanidade em Gaza (ou qualquer outro lugar).

Não importa quem tem razão. Interessa apenas que as pessoas estão vivendo à beira da morte, semanas de desespero, sem conseguirem comer, dormir, trabalhar, ter privacidade, dignidade. Sequer socorro médico conseguem! A razão se discute, se argumenta, mas a chacina precisa de medidas urgentes e de todo o planeta!

Já se imaginaram no lugar daquelas pessoas? Já pensaram que poderia ser aqui, e que o resto do mundo estaria assistindo, sem nada fazer? Será que isso já não aconteceu antes, e nos causa espécie até hoje?

Como pode? Século XXI e nada mudou? As cidades sendo bombardeadas e o resto do mundo preocupado com a crise, com moda, com artistas, com festas e viagens, e as pessoas sendo mortas aos montes, sem que o resto do mundo faça nada? Onde estão os governos? Onde estão os embaixadores, cônsules, representantes da ONU? Então vai ficar tudo por isso mesmo? Por que o mundo não bloqueia o comércio com os países implicados, como já fizeram com Cuba? Por que não há mais rigor no trato com Israel?

É preciso que nós pressionemos nossos governos para que tomem posição, façam algo! Não acredito que poetas, escritores e pensadores achem tudo muito natural e fiquem quietos. Temos a palavra, o poder de divulgação, temos nossa opinião, temos o dever de alertar e instruir a população! Que acionemos nossos grupos de poesia, nossos conhecidos do governo, nossos amigos, para que internacionalmente façamos algo em relação ao que está acontecendo em Gaza.

É desestimulante assistir a tudo isso pela TV, sabermos de crianças e velhos sendo massacrados, mães chorando os filhos, jovens empunhando a morte, sem opção. Mas é muito pior viver tudo isso! É infinitamente mais aterrorizante ver a dilaceração e ouvir a dor do sofrimento humano.

Não podemos ficar de braços cruzados diante de um novo holocausto!

Tomo a liberdade de convocar todos os poetas e escritores para – por uma semana que seja – pararem de enviar poemas ou textos de qualquer outro tema, para todos os sites e blogs, que não seja sobre a necessidade urgente de PAZ em Gaza.

E que divulguem!

Façamos uma corrente de PAZ para todo o mundo, e que comovamos os governantes para que EXIJAM o cessar-fogo imediato em Gaza!

Vamos mostrar o poder da palavra, o poder da internet, o poder do ser humano de ser humano.

PAZ EM GAZA, PARA TER PAZ EM CASA!

Diante disso, que posso eu fazer? A Lílian tem razão... a palavra é a nossa maior arma!!! Volto atrás na minha decisão - que confesso, foi por motivos mesquinhos, somente para não sofrer - e esta semana, falarei somente de Gaza.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Blogs sobre Gaza

Vale a pena conferir estes blogs:

  • Blog do Bourdokan


  • Somos todos Palestinos


  • Em tempo, listo mais blogs.

    Abraços!

    Poema de Daniel Ballester

    Recebi hoje este poema, repassado. Lembrou-me o meu rascunho de hoje, sobre a praia dourada. Nós continuamos assistindo a caravana passar...


    Cuando el ejèrcito invasor de Israel deje de matar
    y los palestinos entierren al ùltimo de sus muertos (que
    seguramente serà una mujer o un niño) usted y yo
    estaremos vivos para poder contar la masacre

    cuando el ejèrcito sionista invasor de Israel deje de
    asesinar y los palestinos entierren al ùltimo de sus muertos
    (que seguramente serà una mujer o un niño)
    yo me habrè afeitado 9 o 10 veces y usted se habrà depilado
    9 o 10 veces las axilas porque nos gusta sentirnos bien.

    Los hombres que entierran màrtires en Gaza nada saben
    ni de vos ni de mi y ahì estàn
    cavando con sus manos y sus palas para que descansen aquellos
    que viviràn eternamente en el corazòn de su pueblo
    y seràn la vanguardia de la lucha sin fin.

    Mi barba sigue creciendo, los pelos de tu axila tambièn
    mientras el ejèrcito de Israel sigue matando
    y los palestinos afilan la navaja final
    que cortarà en pedazos
    las fetas de la pesadilla.

    Pensamento do dia


    Qualquer coisa que encoraje o crescimento de laços emocionais tem que servir contra as guerras.


    (Sigmund Freud)

    A praia dourada

    Sentada na areia ela admirava o pôr-do-sol numa praia do Índico. Os raios solares batiam na água e douravam a paisagem. Pensou que já eram horas de ele chegar. A espera, para uma mulher, nunca é confortável. Mas ele não tardou. Nunca tardava.

    Enquanto o sol se punha, o casal de adolescentes planejava o futuro. Casamento, filhos, uma casinha com varanda. Uma vida simples, feliz. Conversavam sobre tudo, e entre os planos para o casamento e a cor da casa, ela ensaiou um assunto mais sério. Havia assistido na televisão uma notícia sobre uma guerra qualquer, em um lugar muito longe dali. Comentou com ele, repetindo o que ouvira, contando dos horrores que aconteciam naquele local que nem país era, somente uma faixa de terra onde crianças morriam indiscriminadamente.

    Não porque estivesse realmente preocupada, mas porque era notícia. E porque, no fundo, agradecia por morar em um país pacífico, banhado pelas águas mornas do Índico.

    Ele, como muitos outros, e como ela, alienado das coisas, respondeu-lhe que não chateasse sua linda cabeça com estes assuntos. Afinal, isso acontecia lá do outro lado do mundo, em um lugar tão distante que nem constava que para eles existisse.

    Ela concordou. Certamente essas notícias um dia iriam deixar de passar na televisão, outras viriam, e o mundo continuaria assim, os horrores sempre longe da sua linda praia do Índico.

    Os anos se passaram e o casal de adolescentes transformou-se em pai e mãe de um lindo menino. Agora eram os olhos do filho que douravam toda a paisagem ao redor da mãe. Um casal feliz, despreocupado com o mundo.

    Novamente notícias de guerra apareciam na televisão. Mas aquele lugar ainda estava muito longe, a guerra não atingia a praia dourada. Comentaram os dois, assistiram mais uma vez às imagens das crianças mortas. E não se preocuparam. Não era ali, não era com eles.

    Seu filho corria nas areias douradas pelo pôr-do-sol, banhava-se nas águas seguras da baía. Nada que houvesse no mundo poderia perturbar aquela paz. Não tinham por que importar-se com as guerras em lugares longínquos.

    Mais alguns anos e o casal de adolescentes agora era um casal de velhinhos que passeava nas margens do Índico, ainda contemplando o pôr-do-sol dourado. Seu filho já era pai e, numa visita, trouxe notícias de mais uma guerra assassina naquele lugar muito longe dali. A conversa ainda era sem preocupação. A praia dourada continuava dourada. Os dias continuavam mornos e a brisa do mar continuava a refrescá-los.

    O casal de adolescentes morreu. Ficou o filho, que não pôde levar seu filho para correr na praia dourada. A guerra naquele lugar muito longe havia chegado até ali. Algum dos lados utilizara uma arma tão poderosa que seus efeitos foram sentidos mesmo nos lugares mais distantes.

    As areias da praia estavam contaminadas com radiação. Os peixes, tão fáceis de apanhar nos tempos da adolescência dos seus pais, ou estavam mortos, ou contaminados também.

    A comida faltava e a água era escassa. Já não havia mais a brisa suave que refrescava os dias. Já não havia vegetação. Já não havia tranquilidade.

    E agora o filho importava-se com a guerra naquele lugar distante. Agora, que já era tarde demais.

    Gaza


    Quem começa a ler este post deve achar que a imagem que escolhi não tem nada a ver com o título. Provavelmente, esperava encontrar mais uma imagem de mais uma criança chacinada, enrolada em panos brancos e chorada pelos seus pais.

    Acontece que não posso mais ver estas imagens. Não consigo, não tenho coragem. Hoje escrevi à uma amiga e disse-lhe que talvez a maternidade me tenha deixado extremamente sensível. Talvez seja isso. Não sei. Só sei que já não consigo ver imagens de crianças mortas. Confesso: penso no meu filho, poderia ser ele. Sabe-se lá até onde vai a loucura da humanidade... quem garante que uma guerra ignorante como aquela de Gaza não vai acontecer por aqui???

    Então, entrei no Google e digitei: "sangue". Apareceu logo esta imagem e achei que era perfeita paa ilustrar estes acontecimentos horrorosos.

    Disse àquela amiga que também já não escrevo mais sobre Gaza. Tudo já foi dito e as palavras não têm ajudado muito. Quem escreve ainda tem alguma inteligência. Quem guerreia já está emburrecido pelas armas de guerra, não sabe mais ler.

    Mas alguma coisa tenho que dizer.

    Então digo, aliás, grito:

    ALGUÉM FAÇA ALGUMA COISA!!!

    Já de nada adianta escrevermos indignações, tentar explicar a origem do conflito, debater na televisão quem tem razão. A guerra nunca tem razão. O assassínio nunca tem razão. A barbárie nunca tem razão.

    Mas façam alguma coisa não só por Gaza. Façam também pelos meus vizinhos aqui na África, pelos zimbabueanos, que estão morrendo de cólera e fome. Façam também pelos congoleses (ou seja lá o nome da nacionalidade que têm agora), que estão morrendo por nada. Façam também por todos os povos e todas as pessoas do mundo que sofrem com guerras estúpidas!

    Façam também pelos animais que, apesar de não serem humanos, também sofrem pela crueldade e ignorância do homem.

    Façam alguma coisa, qualquer coisa, para salvar o pouco de humanidade que ainda nos resta!

    E chega. Já não escrevo mais nada. Agora só rezo.