sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago voou




Hoje está nos jornais eletrônicos e circulando em todos os e-mails a notícia que amanhã chegará aos jornais de papel...

SARAMAGO MORREU!

Quando recebi a mensagem, a primeira reação foi ficar triste. Pensei logo em fazer esta postagem e fui procurar uma foto que simbolizasse o luto para ilustrar este meu pobre comentário.

Depois desisti... luto? Por quê??? Saramago é imortal! Assim como Joyce, Shakespeare, Dante, Camões e tantos outros. Quem nos dá páginas tão irresistíveis e perturbadoras nunca morre.

Esta é a vantagem dos grandes escritores. Com a sua morte física, são mais e mais lidos. E a cada novo leitor ou re-leitor o escritor fica mais vivo, mais presente. É como se sua alma se transportasse para as páginas dos livros. E o escritor transmuta-se, desdobra-se, multiplica-se, até que já não pode mais ser ignorado mesmo por aqueles que nunca o leram ou mesmo nunca gostaram de suas obras.

Ora... quantos leram Shakespeare? Mas quantos sabem quem ele é???

Então afirmo: não há luto na morte de Saramago. Há regozijo! Regozijo pelo seu legado, pela beleza de suas páginas, que ele ofereceu tão polemicamente à toda a humanidade.

Neste momento, consigo lembrar-me de uma citação que penso ser uma das mais marcantes da obra de Saramago:

"Não me acuse o leitor de obscurantista. Tenho uma confiança danada no futuro e é para ele que as minhas mãos se estendem. Mas o passado está cheio de vozes que não se calam e ao lado de minha sombra há uma multidão infinita de quantos a justificam." (“Os Portões que dão para onde?”, in A Bagagem do Viajante, Editorial Caminho, 6.ª ed., P. 84).

Pois é... ele agarrou o futuro com as duas mãos. As vozes do passado, que levantavam-se facilmente com críticas, agora, talvez, pensem duas vezes antes de manifestarem-se.

Afinal, Saramago voou, é imortal!!!

 
P.S. Quem quiser conferir a última postagem de Saramago em seu blogue, acesse Nem leis, nem justiça , postado por ele no último dia 13 de fevereiro.

Um comentário:

  1. Prefiro um Saramago pensante, a um Vaticano de catacumbas ambulantes.
    Ramos Sobrinho

    ResponderExcluir