quinta-feira, 13 de março de 2014

Sul-americana



Na pesquisa do Google, digitei simplesmente “imagem” e a primeira que apareceu foi esta. A América do Sul.

Sou sul-americana. E sou brasileira. E sou gaúcha.

Muitas vezes me perguntei por que o Brasil é tão diferente dos outros países da América do Sul. A cultura, a mentalidade das pessoas, as crenças, a maneira de ser e de estar... é tudo diferente. Será que é só porque a língua é diferente? Será a colonização? A verdade é que, até onde eu sei, o Brasil foi o país desta América que mais teve mistura de povos na sua colonização. Além dos portugueses que se “adonaram” de tudo, chegaram depois os alemães, italianos, japoneses, holandeses, ucranianos e tantos mais que agora nem consigo lembrar. E, é claro, não podemos esquecer dos espanhóis, que, apesar do tal Tratado de Tordesilhas, foram se embrenhando nas terras do sul.

Mas quando vejo a maneira de estar no mundo dos sul-americanos, não consigo encontrar nada em comum com os brasileiros. O brio, o orgulho, a luta contra a opressão, a capacidade de se revoltar contra o “status quo” do sul-americano não se vê no brasileiro.

Não quero falar mal do meu país nem dos meus compatriotas. Não sou destas que despreza a sua nacionalidade. Do fundo do coração, não gostaria de ter nenhuma outra nacionalidade que não a minha. (Ok... confesso que tenho algum orgulho a mais de ser gaúcha...).

Sinto falta da belicosidade, do olhar calmo e ao mesmo tempo decidido e penetrante dos sul-americanos. Quando penso no Chile, no Equador, na Venezuela, na Bolívia e em todos os outros vizinhos do Brasil, tenho aquela sensação de raízes, de respeito às origens, de amor e respeito à terra. Onde está tudo isso no brasileiro? 

Estando longe do Brasil, vejo as notícias e fico apavorada. Não sei o que pensar, não sei qual lado defender. O caos social e político é absurdo! Como um país que se diz o mais desenvolvido da região chegou ao ponto de ter um povo que reclama mas não faz nada??? Não é medo, com certeza, porque a repressão no Brasil pode tentar, mas não vai conseguir calar quem a denuncie. Os governantes do país têm medo da opinião internacional. Então, por que ninguém faz nada de jeito? Ou será que está tudo bem como está e o que se reclama é só para ter assunto nas redes sociais?

Eu quero voltar para o Brasil. Conto os dias para o fim do meu afastamento. É a minha terra, é o meu lugar. Infelizmente, tenho a sensação de que vou encontrar um país pior do que o que deixei. Culpa minha, também. Culpa de todos nós, brasileiros, que não temos o brio sul-americano.

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