Como toda a região, o Rio Grande do Sul tem um vocabulário próprio, com seus regionalismos muito característicos.
A diferença do "dialeto" gaúcho é tão grande em relação ao restante da língua portuguesa que já existem vários dicionários publicados. Vejam alguns exemplos:
Abichornado: Aborrecido, triste, desanimado.
Abrir cancha: Abrir espaço para alguém passar.
A cabresto: Conduzido pelo cabresto; submetido.
Achego: Amparo, encosto, proteção.
Acolherar: Unir dois animais por meio de uma pequena guasca amarrada ao pescoço; Unir, juntar, com relação a pessoas.
Afeitar: Cortar a barba.
Água-Benta: Cachaça, destinada a ser bebida ocultamente.
A laço e espora: Com muita dificuldade, com muito esforço, vencendo grandes obstáculos.
A la cria!: Ao Deus-dará, à aventura. Foi-se a la cria, significa foi-se embora, foi-se ao Deus-dará, caiu no mundo.
A la pucha!: Exprime admiração, espanto.
À meia guampa: Meio embriagado, levemente ébrio.
Aporreado: Cavalo mal domado, indomável, que não se deixa amansar. Aplica-se, também ao homem rebelde.
Arapuca: Armadilha para pegar passarinhos; trapaça.
Arrastar a asa: Paquerar.
Bagual: Cavalo manso que se tornou selvagem.
Bicheira: Ferida nos animais, contendo vermes depositados pelas moscas varejeiras. Para sua cura, além de medicação, são largamente utilizadas as simpatias e benzeduras.
Biriva: Nome dado aos habitantes de Cima da Serra, descendentes de bandeirantes, ou aos tropeiros paulistas, os quais geralmente andavam em mulas e tinham um sotaque especial diferente do da fronteira ou da região baixa do Estado. Var.: beriva, beriba, biriba.
Bóia: Comida
Bolicho: Casa de negócios de pequeno sortimento e de pouca importância. Bodega. Venda. Bolicheiro: Dono de bolicho.
Braça-de-Sesmaria: Media antiga, de superfície, usada no Rio Grande do Sul. A braça-de-sesmaria mede 2,20 m por 6.600 m ou seja 14.520 metros quadrados.
Buenacha: Boa.
Cabresto: Peça de couro que é apresilhada ao buçal para segurar o cavalo ou o muar.
Cacho: A cola, o rabo do cavalo; caso com uma mulher.
Cagaço: Grande susto, medo.
Califórnia: conjunto de coisas belas; pioneiro festival de música gaúcha realizado em Uruguaina.
Cambicho: Apego, paixão, inclinação irresistível por uma mulher.
Campo de Lei: Campo de ótima qualidade.
Capão: Diz-se ao animal mal capado; indivíduo fraco, covarde, vil; pequeno mato isolado no meio do campo.
Carboteiro(a): Alguém difícil, que não dá bola.
Carreira: Corrida de cavalos, em cancha reta. Quando participam da carreira mais de dois parelheiros, esta toma o nome de penca ou califórnia.
Caudilho: Chefe militar; manda-chuva.
Cavalo de Lei: Animal muito veloz, capaz de percorrer duas quadras (264m) em 16 segundos ou menos.
Chalana: Embarcação ou lancha grande e chata.
Chambão: Otário.
Charla: Conversa.
Chasque: Recado; mensagem.
Chimango: Alcunha dada no Rio Grande do Sul aos partidários do governo na Revolução de 1929.
China: mulher gaúcha; descendente ou mulher de índio, ou pessoa de sexo feminino que apresenta alguns dos traços característicos étnicos das mulheres indígenas; cabloca, mulher morena; mulher de vida fácil; esposa.
Chinoca: Mulher, menina.
Colhudo: Cavalo inteiro, não castrado. Pastor. Figuradamente, diz-se do sujeito valente, que enfrenta o perigo, que agüenta o repuxo.
Credo: Exclamação de espanto.
Cuiudo: O mesmo que colhudo.
Cupincha: Companheiro, amigo, comparsa.
Cusco: Cão pequeno, cão de raça ordinária. O mesmo que guaipeca, guaipé.
Daí Tchê: Oi.
De vereda: Imediatamente, de momento, de uma vez.
Doma: Ato de domar. Ato de amansar um animal xucro.
Duro de boca: Diz-se do animal que não obedece à ação das rédeas.
Duro de Pealar: Difícil de fazer, trabalhoso.
Embretado: Encerrado no brete; metido em apertos, apuros ou dificuldades; enrascado, emaranhado.
Entrevero: Mistura, desordem, briga, confusão de pessoas, animais ou objetos.
Erva-Lavada: Erva já sem fortidão por ter servido para muitos mates.
Estar com o pé no estribo: Estar prestes a sair.
Estrela-Boieira: Estrela d’alva, planeta Vênus.
Estribo: Peça presa ao loro, de cada lado da sela, e na qual o cavaleiro firma o pé.
Estropiado: Diz-se o animal sentido dos cascos, com dificuldade de andar, em conseqüência de marchas por estradas pedregosas.
Facada: Pedido de dinheiro feito por indivíduo vadio, incapaz de trabalhar, que não pretende restituí-lo.
Facho: O ar livre. Usado na expressão sair do facho.
Fatiota: Terno; conjunto de roupas do homem: calça, colete e paletó.
Fiambre: Alimento para viagem, geralmente carne fria, assada ou cozida.
Fazer a viagem do corvo: Sair e demorar muito a regressar.
Flete: Cavalo bom e de bela aparência, encilhado com luxo e elegância.
Funda: Estilingue, bodoque.
Gadaria: Porção de gado, grande quantidade de gado, o gado existente em uma estância ou em uma invernada.
Gado chimarrão: Gado alçado, xucro, sem costeio.
Galpão: Construção existente nas estâncias, destinadas ao abrigo de homens e de animais; O galpão característico do Rio Grande do Sul é uma construção rústica, de regular tamanho, em geral de madeira bruta e parte de terra batida, onde o fogo de chão está sempre aceso. Serve de abrigo e aconchego à peonada da estância e a qualquer tropeiro ou gaudério que dele necessite. Gato: Bebedeira, porre, embriaguez.
Gaudério: Pessoa que não tem ocupação séria e vive à custa dos outros, andando de casa em casa; parasita; amigo do viver à custa alheia.
Graxaim: Guaraxaim, sorro, zorro. Pequeno animal semelhante ao cão, que gosta de roer cordas, principalmente de couro cru e engraxadas ou ensebadas, e de comer aves domésticas. Sai, geralmente, à noite. É muito comum em toda a campanha.
Gringo: Denominação dada ao estrangeiro em geral, com exceção do português e do hispano-americano.
Guaiaca: Cinto largo de couro macio, às vezes de couro de lontra ou de camurça, ordinariamente enfeitado com bordados ou com moedas de prata ou de ouro, que serve para o porte de armas e para guardar dinheiro e pequenos objetos.
Guaipeca: Cão pequeno, cusco, cachorrinho de pernas tortas, cãozinho ordinário, vira-lata, sem raça definida. Pequeno, de minguada estatura; aplica-se, também, às pessoas, com sentido depreciativo.
Guapo: Forte, vigoroso, valente, bravo.
Guasca: Tira, corda de couro cru, isto é, não curtido; homem rústico, forte, guapo, valente. Guasqueaço: Pancada, golpe dado com guasca.
Relhaço: relhada, chicotada, chibatada, correada, açoite.
Guri: Criança, menino, piazinho, piazito, serviçal para trabalhos leves nas estâncias.
Há cachorro na cancha: Significa que há alguma coisa atrapalhando a execução de determinado plano.
Haraganear: Andar solto o animal por muito tempo, sem prestar serviço algum.
Invernada: Grande extensão de campo cercado. Nas estâncias, geralmente, há diversas invernadas: para engordar, para cruzamento de raças, etc.
Jururu: Cabisbaixo, tristonho, abatido.
Lábia: Habilidade de conversa.
Lambe esporas: Indivíduo bajulador; leva e traz.
Lasqueado: Trouxa, metido a besta, passado.
Légua: Medida itinerária equivalente a 3.000 braças ou 6.600 metros. O mesmo que légua de sesmaria.
Macanudo: Designa alguém bonito ou algo legal.
Maleva: Bandido, malfeitor, desalmado; cavalo infiel, que por qualquer coisa corcoveia.
Maludo: Cavalo inteiro, garanhão. Diz-se do animal com grandes testículos.
Mangueira: Grande curral construído de pedra ou de madeira, junto à casa da estância, destinado a encerrar o gado para marcação, castração, cura de bicheiras, aparte e outros trabalhos. Manotaço: Pancada que o cavalo dá com uma das patas dianteiras, ou com ambas; bofetada, pancada com a mão dada por pessoa.
Negrinho: Designação carinhoso que se dá a crianças ou a pessoas que se tem afeição.
Num upa: Num abrir e fechar de olhos; de golpe; rapidamente.
Oigalê!: Exprime admiração, espanto, alegria.
Orelhano: Animal sem marca, nem sinal; gaúcho sem origem conhecida.
Paisano: Do mesmo país; amigo, camarada; civil.
Papudo: Indivíduo que tem papo. Balaqueiro, jactancioso, blasonador. O termo é empregado para insultar, provocar, depreciar, menosprezar outra pessoa, embora esta não tenha papo.
Passar um pito: Repreender, descompor.
Patrão: Designação dada ao presidente de Centro de Tradições Gaúchas (CTG) ou ao dono da estância ou fazenda.
Patrão-Velho: Deus.
Pelea ou Peleia: Peleja, pugilato, contenda, briga, rusga, disputa, combate.
Pelear: Brigar, lutar, combater, pelejar, teimar, disputar.
Petiço: Cavalo pequeno, curto, baixo.
Piá: Menino, guri, caboclinho.
Piquete: Pequeno potreiro, ao lado da casa, onde se põe ao pasto os animais utilizados diariamente.
Poncho: Espécie de capa de pano de lã, de forma retangular, ovalada ou redonda, com uma abertura no centro, por onde se enfia a cabeça. É feito geralmente de pano azul, com forro de baeta vermelha. É o agasalho tradicional do gaúcho do campo. Na cama de pelegos, serve de coberta. A cavalo, resguarda o cavaleiro da chuva e do frio.
Potrilho: Animal cavalar durante o período de amamentação, isto é, desde que nasce até dois anos de idade. Potranco, potreco, potranquinho.
Queixo-Duro: Cavalo que não obedece facilmente a ação das rédeas; pessoa teimosa.
Qüera: homem, gaúcho, gaudério.
Rebenque: Chicote curto, com o cabo retovado, com uma palma de couro na extremidade. Pequeno relho.
Regalo: Presente, brinde.
Relho: Chicote com cabo de madeira e açoiteira de tranças semelhantes a de laço, com um pedaço de guasca na ponta.
Repontar: Tocar o gado por diante de um lugar para outro.
Sair fedendo: Fugir em disparada.
Sanga: Pequeno curso d'água menor que um regato ou arroio.
Sesmaria: Antiga medida agrária correspondente a três léguas quadradas, ou seja a 13.068 hectares. São 3000 por 9000 braças; ou 6.600 por 19.800 metros; ou ainda, 130.680.000 metros quadrados.
Soga: Corda feita de couro, ou de fibra vegetal, ou ainda de crina de animal, utilizada para prender o cavalo à estaca ou ao pau-de-arrasto, quando é posto a pastar. Corda de couro torcido ou trançado, que liga entre si as pedras das boleadeiras; o termo é usado também em sentido figurado.
Surungo: Arrasta pé, baile de baixa classe, caroço.
Sorro: graxaim.
Sorro manso: expressão que designa alguém ladino, esperto, que age mas não aparece (dá o tapa e esconde a mão).
Taco: Diz-se ao indivíduo capaz, hábil, corajoso; guapo.
Taipa: Represa de leivas, nas lavouras de arroz; cerca de pedra, na região serrana; tapado, burro, ignorante.
Taita: Indivíduo valentão, destemido, guapo.
Tala: Nervura do centro da folha do jerivá; chibata improvisada com a tala do jerivá ou com qualquer vara flexível; lado de corte do facão ou da adaga.
Talagaço: Pancada com tala (ex: talagaço de adaga, fig: levou um talagaço da vida).
Talho: Corte, ferimento.
Tapera: Casa de campo, rancho, qualquer habitação abandonada, quase sempre em ruínas, com algumas paredes de pé e algum arvoredo velho. Diz-se da morada deserta, inabitada, triste. Tchê: Meu, cara.
Tirador: Espécie de avental de couro macio, ou pelego, que os laçadores usam pendente da cintura, do lado esquerdo, para proteger e o corpo do atrito do laço. Mesmo quando não está fazendo serviços em que utilize o laço, o homem da fronteira usa, freqüentemente, como parte da vestimenta, o seu tirador, que por vezes é de luxo, enfeitado com franjas, bolsos e coldre para revólver.
Tosa: Tosquia, toso, esquila.
Tranco: Passo largo, firme e seguro, do cavalo ou do homem. Ex: andar ao tranco.
Tranquito: passo lento.
Tramposo: Intrometido, trapaceiro, velhaco.
Trem: Sujeito inútil.
Três-Marias: Boleadeiras.
Tronqueira: Cada um dos grossos esteios colocados nas porteiras, os quais são providos de buracos em que são passadas as varas que as fecham.
Uma-de-pé: Uma briga, conflito, luta.
Usted: Você; usado na fronteira.
Vacaria: Grande número de vacas; grande extensão de campo que os jesuítas reservavam para criação de gado bovino.
Varar: Atravessar, cruzar.
Vareio: Susto, sova, surra, repreensão.
Vaza: Vez, oportunidade.
Vil: Covarde, desanimado, fraco.
Vivente: Pessoa, criatura, indivíduo.
Xepa: Comida.
Xerenga: Faca velha, ordinária.
Xirú: O mesmo que chirú.
Xucro: Diz-se do animal ainda não domado, bravio, arisco.
Zarro: Incômodo, difícil de fazer, chato.
Zunir: Ir-se apressadamente, soar.
olá, gostaria de acrscentar mais ,algumas palavras usadas na região da fronteira ! MUNDÉU: armadilha em forma de forca, para caçar pequenas aves, ou outros animais pequenos, feita de crina. MUNHATA: batata doce, NHANDÚ: avestruz, piola: barbante, Estas três palavras, eram bastante usadas no meio rural, e não podiam ficar de fora deste maravilhoso trabalho , Até +!!! paulo ricardo de Bagé
ResponderExcluirolá, gostaria de acrscentar mais ,algumas palavras usadas na região da fronteira ! MUNDÉU: armadilha em forma de forca, para caçar pequenas aves, ou outros animais pequenos, feita de crina. MUNHATA: batata doce, NHANDÚ: avestruz, piola: barbante, Estas três palavras, eram bastante usadas no meio rural, e não podiam ficar de fora deste maravilhoso trabalho , Até +!!! paulo ricardo de Bagé
ResponderExcluirgostei muito do vocabulário,mas ainda fiquei sem resposta a uma expressão usada na musica gauchesca;COLA ATADA,o que significa isso?gostaria de uma resposta
ResponderExcluirOlá, obrigada pela visita ao blogue!
ResponderExcluirFica um pouco difícil "traduzir" uma expressão assim, até porque não sou nenhuma expert, precisaria ver o contexto...
Mas COLA é rabo de animal - cavalo, cachorro... - ATADA significa presa...
Dependendo do contexto, pode significar alguém que está preso a algo, impedido de fazer alguma coisa, ou, mesmo, "rabo preso".
Beijos!
Gostei muito do blog.Sempre tem aquels Paulistas e Cariocas que perguntam.
ResponderExcluir-Poxa,diz aí umas palavras daí do Sul...
E daí até que pensa n oque é estranho rpa eles e normal pra mim.rsrsrsrs
É bom conhecer mais da própria cultura.
Fiquei até espantada,porque aqui é mais interior e usam quase todos as palavras do vocabulário,e eu nunca imaginava que eram estrítas dos gaúchos.
Guria,fizestes um ótimo trabalho.
COLA ATADA...
ResponderExcluirsignifica junto;agarado...
se vc axou esta expreçao na musica de Cesar Oliveira e Rogerio Melo esse e o significado..
DANÇAR DE COLA ATADA e o termo usado por pessoas ke kerem dançar junto..bem agarradinho..em um bom e velho baile de gaitero!!!
oq significa BRETE??? vlw pelas informações ^^
ResponderExcluirBuenas,
ResponderExcluirProcurei a palavra CHERGA ou XERGA,mas não encontrei, poderia me ajudar? Hilda
olha tche..meu avo sempre falou q bailar de cola atada era dançar pelado..porem tenho minhas duvidas porque se fosse isso seria meio estranho rodar em radios e nao ser censurada nem nada
ResponderExcluirDesculpe discordar sobre o significado de Bailar de Cola Atada. Este termo tem origem nos "chineiros" das barrancas do Rio Uruguai em Uruguaiana. O bailar de cola atada era quando, no calor das bailantas, as chinas enrolavam as saias na cintura e aplicavam um nó, passando a dançar "em pêlo" de modo a cativar os fregueses para fazerem "programas".
ResponderExcluirHá algumas canções gaúchas com a expressão " de vanera a meia espalda" o que significa meia espalda?
ResponderExcluirObrigado. E-mail pangarttesjp@hotmail.com.
o baile de cola atada funciona quando o gaudério abre todos os botões da camisa, deixando somente um, perto do pescoço fechado, amarra a camisa atrás como uma cola e fica só de cueca; por sua vez as chinas estão completamente nuas, ou seja seria um baile em de zona!!
ResponderExcluirBaile de cola atada na realidade é um sinonimo de baile sem marca e sinal; baile de baixa categoria; de zona; ou bailão; etc. Baile onde todos são de todos, e ninguém é de ninguém... Algo comum hoje em dia, não!?
Em certas regiões (coisa antiga) as mulheres levantavam a parte de traz do vestido ou da saia e atavam na bunda, deixando muito a mostra, e o que não aparecia era incentivo para o que viria depois. Esse tope parecia um nó atado na cola dos cavalos (onde a china prende o grampo)! Daí que viria a expressão "de cola atada".
Porém, os tempos passaram, mas a expressão continuou...
Agora, sem vestido, sem candeeiros, sem muito do passado...
Então significa hoje o mesmo que antes, porém em circunstâncias diferentes: baile de baixa categoria, onde ninguém vai só para dançar... hehe!
Na fronteira, assim como em todo lugar, esse tipo de baile é comum, porém acho que só lá é que chamam de cola atada, ou também de pega-cria etc.!
E era isso.